Os procuradores da República Igor Nery Figueiredo, André Sampaio
Viana e Ubiratan Cazetta, do Ministério Público Federal (MPF),
denunciaram dez pessoas acusadas de envolvimento em fraudes calculadas
em R$ 1,5 milhão em licitação da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma)
para compra de produtos hospitalares, em 2009.
O principal acusado é o atual secretário de Administração de Belém,
Alan Dionísio Leão de Sales, que presidia a comissão de licitação da
Sesma na época. A ação tramitará na 3ª Vara da Justiça Federal em Belém.
Também foram denunciados por “fraude ao caráter competitivo da
licitação, com elevação arbitrária dos preços e peculato” os
proprietários e administradores de empresas: Sandra Marleny Pinho
Pinheiro e Mário Célio Guimarães Pinheiro, da Artfio Comércio e
Representações Ltda.; Brandão de Sousa Rezende, da Hospfar Indústria e
Comércio de Produtos Hospitalares Ltda.; Margareth dos Santos Brito e
Waldir Raimundo de Oliveira Brito Júnior, da Cristalfarma Comércio
Representação Importação e Exportação Ltda.; José Fernando Prado Pereira
e Marlene Cardoso Prado Pereira, da Comércio e Representações Prado
Ltda.; e Walda Britto Cardoso, da F. Cardoso & Cia. Ltda. O décimo
nome não foi divulgado pelo MPF. Os acusados podem ser condenados a
penas que variam de dois a 22 anos de prisão, além de multa.
OPERAÇÃO - Segundo o MPF, a fraude foi constatada
pela Controladoria-Geral da União (CGU) durante operação de busca e
apreensão nas dependências da Sesma, em junho de 2010, a pedido do MPF
que coletou centenas de documentos e computadores relativos a
licitações. A CGU chegou à conclusão de que os preços pagos pela Sesma
por luvas cirúrgicas, bolsas de colostomia, aventais, lençóis
descartáveis, entre outros, eram 80,32% maiores do que os praticados no
mercado.
Segundo os procuradores, a licitação teria sido direcionada por Alan
Dionísio para a vitória das empresas envolvidas no esquema, “com preços
superestimados e superfaturados”. Alan ainda é acusado de ter manobrado
para que vencessem as propostas mais caras, fazendo constar exigências
abusivas” no edital de licitação e “restringindo o caráter competitivo e
a participação de outras empresas, segundo a assessoria de comunicação
do MPF.
As empresas Artfio, Hospfar, Cristalfarma, Prado e F. Cardoso, apesar
de não terem conseguido cumprir as exigências, teriam sido declaradas
vencedoras pelo presidente da comissão. Ele também teria dispensado a
empresa Hospfar de oferecer o preço de R$ 95 pedido pela Sesma para as
bolsas de colostomia, cerca de R$ 20 mais caro que o preço de mercado, e
ainda conseguiu R$ 160 por pacote, num contrato que chegou a R$ 800
mil, R$ 425 mil mais caro do que estava previsto.
Em nota, a assessoria de comunicação da Sesma informou que até ontem o
seu departamento jurídico não tinha sido “notificado oficialmente pela
Justiça Federal sobre denúncia de fraudes em processo licitatório da
secretaria”.
Segundo a nota, “a Sesma ressalta que somente irá se pronunciar quando tiver conhecimento oficial da denúncia”. (Diário do Pará)
Nenhum comentário:
Postar um comentário