Uma das mudanças no transporte público com a implantação do BRT (Bus
Rapid Transit em inglês ou sistema de trânsito rápido de ônibus) será a
retirada completa dos ônibus que hoje circulam na avenida Almirante
Barroso e rodovia Augusto Montenegro. Essas linhas serão transformadas
em linhas 'alimentadoras'. O nome vem da função: alimentar o sistema
BRT. Os ônibus passarão pelas áreas mais internas dos bairros buscando
passageiros e levando até o mais próximo possível das paradas ou
estações do BRT, mas sem entrar nas vias principais.
A alteração vai exigir o reordenamento completo das linhas e áreas
atendidas pelas linhas metropolitanas (Belém, Ananindeua, Marituba,
Benevides, Santa Bárbara do Pará e Santa Isabel do Pará), o que deverá
ser feito numa primeira licitação que pode ocorrer até novembro deste
ano. Porém, pelos requisitos que estão sendo estabelecidos pela
Companhia de Transportes do Município de Belém (CTBel), 20% das empresas
atuais ficarão de fora do sistema. Quando o BRT estiver próximo de ser
implantado, as linhas reordenadas serão adaptadas para se tornarem
alimentadoras.
De acordo com projeto, cenas como essa não serão mais vistas na Avenida. Foto: Tarso Sarraf (O Liberal)
O diretor de Transportes da CTBel, Paulo Serra, explica que alguns
passageiros sequer precisarão usar os ônibus BRT e poderão se deslocar
apenas com as linhas alimentadoras. Isso será possível porque para
transportar os passageiros que irão usar o BRT, os ônibus menores
precisarão ir nas áreas mais internas dos bairros. Porém, há passageiros
que precisarão utilizar dois ou três ônibus, sendo um ou dois
alimentadores e um BRT. Mesmo fazendo tantas viagens, só será necessário
pagar apenas uma passagem para o trajeto completo num período de duas
horas (ou mais, ainda em avaliação) pelo sistema de Bilhete Único (BU). O
tempo de viagem será reduzido em 60%.
A mudança das linhas atuais para as alimentadoras não será feita de
uma só vez. Serra afirma que será feita uma primeira licitação que vai
criar “pacotes de linhas” para iniciar o trabalho de reordenamento das
linhas metropolitanas. As novas linhas levarão em conta os novos
destinos da população e os locais com maior demanda, substituindo a
distribuição feita há mais de 20 anos com a emissão das ordens de
serviço que até hoje estão em funcionamento e já são consideradas
defasadas pelas mudanças pelas quais a cidade passou. Os pacotes terão
várias linhas diferentes, entre as “mais rentáveis” (com trajetos mais
longos e com mais passageiros) e as “menos rentáveis” (trajetos longos
ou curtos com menos passageiros). Com esse primeiro processo
licitatório, já será feita a instalação do BU. O transporte interno dos
demais municípios da Região Metropolitana de Belém (RMB) por enquanto
não entra nessa mudança.
“Isso vai garantir o equilíbrio financeiro das empresas. Como será
feita uma licitação, qualquer empresa poderá participar, atendendo a
determinados pré-requisitos que vamos estabelecer. Hoje, só 80% das
empresas estariam aptas a participar do processo. Algumas empresas que
atuam hoje podem ficar fora do sistema e novas poderão começar a
trabalhar por aqui. As novas linhas estão sendo projetadas pensando nas
demandas dos passageiros para os destinos mais procurados, mas com muito
mais organização e melhor distribuição. Com essa mudança e o BU,
faremos a transição para o BRT”, detalhou o diretor de Transportes.
Serra lembra que a licita-ção das linhas de ônibus é um projeto antigo da Prefeitura de Belém, que foi impedido judicialmente pelo Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belém (Setransbel). O processo novo servirá como melhora emergencial para o atual sistema de transporte e transição até o início da operação do BRT. Em 2010, o processo de licitação foi iniciado pela segunda vez e novamente não ocorreu.
Cruzamentos - O diretor
de Trânsito da CTBel, Elias Jardim, explica que o ônibus BRT não para
em semáforos. Todos os semáforos por onde o BRT passa serão substituídos
pelo sistema de semáforos inteligentes. O BRT possui um radar que emite
um sinal para o semáforo quando o veículo estiver a 200 ou 300 metros
de distância para que o sinal feche, semelhante ao cruzamento com uma
ferrovia, mas feito de maneira eletrônica.
“Por conta disso, não será preciso fechar as transversais, como muita
gente pensa. O único cruzamento que está fechado hoje e permanecerá
fechado é da Almirante Barroso com a travessa Perebebuí, pois lá será
uma das paradas do BRT. O retorno que havia antes na Almirante Barroso,
em frente ao parque de exposições do Entroncamento também foi fechado
definitivamente. Os demais cruzamentos não terão alteração alguma. No
máximo talvez ainda vamos aplicar mais algumas alterações de sentido,
mas nenhum cruzamento será fechado. Também não acontecerá nada com o
elevado Carlos Marighela, na Doutor Freitas com Almirante Barroso”,
esclareceu Jardim.
Cruzamento será fechado para passagem do Ônibus Rápido. Foto: Elivaldo Pamplona
Implantação do corredor da BR-316 vai começar somente em 2014
A rodovia BR-316 também será um corredor de BRT, mas que será feito pelo Governo do Estado pelo projeto Ação Metrópole. Lá, as obras só começarão em 2014, com previsão para conclusão até o final de 2015. Para isso, será preciso que o Estado conclua o prolongamento da avenida João Paulo II, de outubro deste ano a dezembro de 2013, e do prolongamento da avenida Independência, previsto para começar neste ano e terminar até 2014.
O diretor geral do Núcleo de Gerenciamento do Transporte
Metropolitano NGTM), César Meira, explicou que a Prefeitura de Belém
ficou responsável pelas obras na Almirante Barroso e na Augusto
Montenegro, seguindo o projeto do Ação Metrópole. Cada gestão cuidará
das próprias obras, mas no final deverão estar integradas. A gestão do
sistema BRT final também será feitoe forma metropolitana, com
participação das Prefeituras de Ananindeua, Marituba, Benevides, Santa
Bárbara do Pará e Santa Isabel do Pará e do próprio Governo do Estado.
“Na BR-316 teremos 10 paradas, sendo uma estação e um terminal de
BRT. O mesmo que está sendo feito na Almirante Barroso e na Augusto
Montenegro
será feito na rodovia, mas antes de começarmos a mexer na pista, entregaremos alternativas de tráfego. Uma é a João Paulo II, que vai chegar até o viaduto do Coqueiro, adicionando mais uma pétala. A outra é a Independência, que chegará à Alça Viária. Era o que iríamos fazer antes de Prefeitura de Belém iniciar o próprio projeto”, explicou Meira.
será feito na rodovia, mas antes de começarmos a mexer na pista, entregaremos alternativas de tráfego. Uma é a João Paulo II, que vai chegar até o viaduto do Coqueiro, adicionando mais uma pétala. A outra é a Independência, que chegará à Alça Viária. Era o que iríamos fazer antes de Prefeitura de Belém iniciar o próprio projeto”, explicou Meira.
No projeto original, que será seguido pela Prefeitura de Belém, o BRT
chega até o centro de Belém. O contrato da PMB com a empresa
responsável pelas obras, a Andrade Gutierrez, só vai até São Brás. A
prefeitura já adiantou que as obras depois deverão sim chegar ao centro,
mas após uma nova licitação. “Para o Centro, o BRT continua depois de
São Brás, mas sem pista exclusiva com canaleta. Os ônibus articulados
seguirão pelas avenidas José Malcher, Visconde de Souza Franco,
Tamandaré, Serzedêlo Corrêa e Gentil Bittencourt e terão um total de 10
paradas. O tráfego será por pistas e faixas exclusivas. Nessas vias
também não haverá mais transporte comum. Para chegar nessas vias onde
haverá BRT, os usuários usarão as linhas alimentadoras”, detalhou o
diretor do NGTM. (Portal ORM)
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