Passar em um concurso público não é fácil. E pode ficar praticamente
impossível se as vagas já estão marcadas. O Fantástico mostra o golpe
que transforma concursos em cabides de emprego. A fraude beneficia
parentes e assessores de políticos em todo o país.
Dez milhões de
brasileiros participam de concursos públicos a cada ano. E uma
quantidade incalculável deles está sendo passada pra trás. Veja o que o
Fantástico apurou: em todos os 26 estados do Brasil e no Distrito
Federal, os ministérios públicos investigam algum tipo de fraude em
concursos públicos.
É maracutaia em todo o país. Só na Bahia, por
exemplo, foram 36 casos de irregularidades em concursos. Em Mato Grosso
do Sul, as questões de um concurso foram copiadas de uma prova feita
antes, no Pará. E, no Maranhão, um analfabeto foi aprovado graças ao
esquema montado por um secretário municipal, parente dele.
Veja o que o ex-dono de uma empresa que fraudava concursos conta. Ele diz que agora se afastou dessa atividade:
Repórter: Qual era o perfil dos candidatos beneficiados aprovados fraudulentamente?
Ex-dono de empresa: Unicamente apadrinhados políticos da administração municipal.
A
maior parte das fraudes acontece nos concursos municipais. Prefeitos e
vereadores contratam uma empresa para organizar a prova e indicam os
candidatos que eles querem ver aprovados. “A esposa do prefeito
passou em primeiro lugar, a secretária de educação passou em primeiro
lugar no outro cargo, o secretário de administração passou em primeiro
lugar em outro cargo”, conta uma mulher.
Em Novo Barreiro, no Rio
Grande do Sul, aconteceu um caso curioso: uma mulher, que tentou se
beneficiar da fraude, mas acabou reprovada, resolveu denunciar o
prefeito. “Ele chegou lá na minha casa e falou assim: ‘os meus eu tinha
que deixar bem. Eu fiz o concurso dessa maneira porque eu não ia fazer
um concurso para passar qualquer um’”, lembra.
O prefeito Flavio
Smaniotto não quis comentar a acusação. “Irmã do secretário de
administração, sogra do secretário de administração, primo do secretário
de administração”, diz. A fiscal de um concurso em Itati, no Rio Grande
do Sul, notou que vários candidatos entregaram a prova quase em branco e
mesmo assim foram aprovados. “Sobrinha do prefeito, sobrinho do
prefeito, filho do prefeito”, conta.
É a oficialização do cabide
de empregos. “O perfil que nós identificamos é sempre de alguma forma
ligado ao administrador. Ou por laços de parentesco, ou por afinidade
partidária, político-partidária, ou até mesmo quem já presta serviços ao
Executivo”, explica o promotor de Justiça Mauro Rockembach.
Trinta e oito candidatos foram indiciados na cidade, mas a maioria deles continua a ocupar os cargos conseguidos irregularmente.
Durante
dois meses, com uma câmera escondida, o Fantástico gravou conversas com
representantes de empresas que organizam concursos públicos.
Leia mais e veja video em Golpe transforma concursos públicos em cabides de emprego
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