O castigo e a conversa entre pais e filhos
estão sendo substituídos por uma pílula: a droga da obediência.
Aprovado pela Anvisa para tratar o Transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade (TDAH), o metilfenidato (Ritalina e Concerte) está sendo
usado de forma indiscriminada para ‘domar’ crianças levadas, alertam
médicos. Em quatro anos, o uso da droga cresceu 70,44% no País. Entre
abril de 2011 e maio, esse mercado faturou R$ 101,7 milhões.
“É inadmissível. A criança que não se concentra e não se comporta como o
adulto gostaria está sendo diagnosticada como se tivesse um transtorno e
acaba tomando um remédio que a deixa quieta, calada”, alerta a médica
Maria Aparecida Moyses, professora de Pediatria da Unicamp.
APATIA
“O medicamento está sendo usado de forma exagerada para controlar
crianças. A droga deixa apática aquela que é agitada e não presta
atenção. Fazer isso é quebrar a essência da criança, que é brincar,
agitar, questionar”, critica o coordenador estadual de Políticas sobre
Drogas, Luiz Alberto Chaves de Oliveira.
“Estudos apontam que usuários de metilfenidato têm risco até 50% maior
de se tornarem usuários de drogas”, completa Luiz, que recomenda a busca
de segunda opinião em caso de diagnósticos de TDAH. Pediatra,
neuropediatra e psiquiatra são os profissionais mais indicados.
A médica Maria Aparecida questiona a forma de diagnóstico. “É um
questionário do qual ninguém escapa. A criança que joga videogame por
horas, mas não se concentra na escola, não tem dificuldade de
concentração. A aula pode ser desinteressante”, alega.
Membro do Comitê de Neurologia da Sociedade
de Pediatria do Rio, Milton Genes afirma que o TDAH afeta entre 3% e 6%
das pessoas, mas que nem todos precisam de medicação: “O importante é
um diagnóstico bem feito. O tratamento muda a vida dos que têm o
transtorno”.
Remédio está na lista dos mais vendidos
O metilfenidato já é uma das drogas mais vendidas no País. “A Anvisa
pesquisa porque o consumo é crescente. A orientação é que só pessoas com
diagnóstico correto usem e não para melhorar no estudo ou trabalho”,
diz Giselle Silva Calado, gerente de Farmacovigilância da Anvisa.
Segundo ela, as reações comuns ao uso abusivo da droga são nervosismo, insônia e perda do apetite: “Podem haver reações sérias, como febre alta, dificuldade de falar, batimento cardíaco acelerado, espasmos musculares, garganta inflamada, alucinações, convulsões, bolhas e manchas na pele”.
Segundo ela, as reações comuns ao uso abusivo da droga são nervosismo, insônia e perda do apetite: “Podem haver reações sérias, como febre alta, dificuldade de falar, batimento cardíaco acelerado, espasmos musculares, garganta inflamada, alucinações, convulsões, bolhas e manchas na pele”.
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