O presidente do Senado, José
Sarney (PMDB-AP), defendeu na manhã desta quarta-feira a divulgação dos
salários dos servidores da Casa sem a identificação dos nomes. Na
terça-feira o Senado e a Câmara revelaram, após liminares concedidas
pela Justiça Federal de Brasília no dia anterior, os vencimentos dos
servidores, funcionários comissionados e dos parlamentares sem,
entretanto, identificá-los nominalmente.
Sarney disse que a forma adotada pelas duas Casas Legislativas não
compromete a transparência das informações. "Acho que não tem nenhuma
importância divulgar nomes ou não divulgar nomes", disse. Ele afirmou
que a competência de recorrer das decisões que proibiram a divulgação
nominal dos salários é da Advocacia Geral da União (AGU). "A AGU já está
tomando conhecimento dessa decisão e vai tomar as providências que ela
achar que deve tomar", observou.
Três horas antes de encerrar o prazo anunciado para cumprir a Lei de
Acesso à Informação, a Câmara e o Senado publicaram, na terça-feira à
noite, as tabelas com os salários dos servidores das Casas sem
identificar os nomes dos funcionários. Na Câmara, foram citados apenas
os cargos genéricos, acompanhados do número da matrícula. No Senado, por
sua vez, eles foram ordenados por cargo. Nas duas Casas, o rendimento
total bruto não foi exposto.
A Câmara têm 170 servidores que ganham salário líquido acima do teto
de R$ 26.723,13, de acordo com a diretoria-geral da Casa. Desse total,
30 estão na ativa e 140 são aposentados. Na Câmara, 1,3 mil funcionários
ganham acima do teto, mas os vencimentos são cortados pelo chamado
"abate-teto". Esse mecanismo não incide sobre horas extras, funções em
comissão e abono de permanência. O salário médio do servidor da Casa
está em torno de R$ 16 mil. O maior salário bruto é de R$ 43 mil e
atinge 12 servidores.
Na tabela divulgada aparece, por exemplo, um analista legislativo que
entrou na Câmara em 1981 e ganhou um julho R$ 31.101,19 líquidos. A
soma dos vencimentos básicos e vantagens atingiu cerca de R$ 50 mil.
Sobre esse valor incidiram os descontos obrigatórios de Imposto de Renda
(R$ 10,6 mil), de previdência (R$ 2,9 mil) e o "abate-teto" (R$ 6 mil).
A Câmara tem 3,4 mil servidores do quadro efetivo, os que entraram
por concurso público, e 1.310 contratados em cargos de natureza
especial, os chamados CNEs, sem concurso. São mais 11,1 mil secretários
parlamentares, os funcionários contratados pelos deputados por meio da
verba de gabinete. A Câmara gasta ainda com 2,7 mil servidores inativos e
em torno de 800 deputados aposentados e pensionistas.
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