O relator e o revisor da Ação Penal 470, o processo do mensalão,
voltaram a discutir em plenário, nesta quarta-feira (12/9), em tom e
termos que revelam como estão desgastadas as relações entre alguns
ministros do Supremo Tribunal Federal por conta do julgamento do caso. O
ataque partiu do ministro Joaquim Barbosa, para quem Ricardo
Lewandowski haveria insinuado que ele não fez direito seu trabalho.
“Leia
meu voto”, exigiu Joaquim Barbosa. “Faça o seu voto de maneira sóbria”,
completou. De seu lado, Lewandowski perguntou se Barbosa pretendia que
ele saltasse as argumentações da defesa. Foram as intervenções dos
ministros Celso de Mello e Ayres Britto que conseguiram, depois de quase
dez minutos de discussão, acalmar os ânimos.
O embate se deu quando Lewandowski analisava a acusação contra a ré Geiza Dias, ex-funcionária da SMP&B Propaganda. Lewandowski citou a entrevista concedida à Folha de S.Paulo
pelo delegado federal Luiz Flávio Zampronha, responsável pelas
investigações e pelo inquérito policial que culminou na denúncia do
Ministério Público. O delegado havia afirmado que Geiza não “tinha nada a
ver com o caso e não deveria ser ré no processo”.
Irritado com a
citação feita por Lewandowski, o ministro relator criticou: “Vejam como
as coisas são bizarras no nosso país. Um delegado que preside o
inquérito que gerou esta ação penal vai à imprensa e começa a dar
declarações, dizendo quem deveria ou não estar no processo. Isso é um
absurdo. Em um país decentemente organizado, um delegado desses seria
dispensado”.
O ministro Gilmar Mendes também criticou a citação da entrevista. Mendes
disse que seria heterodoxo fazer referências a informações que não
constam nos autos com o julgamento em curso. Lewandowski respondeu aos
colegas: “Aliás, por falar, em heterodoxia, esse julgamento não é um dos
mais ortodoxos que já se processou nesse tribunal”, disse o ministro
revisor. “Discordo”, interrompeu Barbosa.
Mais aqui >Lewandowski irrita Barbosa
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