Um projeto pioneiro com detentos que pedalam em bicicletas afixadas
no pátio do presídio de Santa Rita do Sapucaí, na região sul de Minas
Gerais, tem gerado energia para as lâmpadas de oito postes que ficam
localizados na avenida Beira-Rio, no centro do município.
A ideia
foi implementada há cerca de 90 dias pelo juiz José Henrique Mallman e
pelo diretor do presídio, Gilson Rafael Silva: "Estamos com bons
resultados, até porque o preso tem a vantagem da redução (da pena) e ao
mesmo tempo ele ajuda a sociedade com geração de energia iluminando
locais que antes eram ermos", explicou Silva. "O resultado é uma melhora
incomensurável na disciplina e no interesse dos presos em pedalar e ser útil para sociedade," concluiu.
Presos produzem energia elétrica com bicicletas adaptadas
Presos produzem energia elétrica com bicicletas adaptadas
O presídio de Santa Rita do
Sapucaí está com mais de 130 presos, o dobro da capacidade máxima, que é
de 72 detentos. O diretor da unidade explicou que a cada três dias
pedalando, os oito detentos que participam do projeto atualmente têm a
redução de um dia na pena. - "Os presos trabalham de 8h as 5h da
tarde (em revezamento) e carregam uma bateria (de automóvel) por dia,
que é o necessário para utilizar na via que nós fazemos iluminação,"
confirmou, afirmando ainda que os detentos realizam outros trabalhos no
presídio.
O juiz José Henrique Mallman revelou que teve a ideia de implementar o
projeto a partir de pesquisas sobre a geração de energia renovável: "Eu
tirei da internet. Estava pesquisando sobre energia limpa, barata,
humana. Eu vi que uma academia americana usava a energia física do
cliente para movimentar os equipamentos lá. Eu lembrei na hora: 'tenho
um monte de cliente precisando fazer exercícios. A saúde do preso é de
responsabilidade nossa (do Estado). Os caras estão todos obesos lá por
culpa deles. Eles não têm atividade presos, ficam encarcerados'. "Nós vimos que dava para gerar energia. Hoje nós estamos com quatro
bicicletas e 10 lâmpadas. Nós temos um projeto de iluminar toda a
avenida Beira Rio. São 34 postes com 10 lâmpadas que serão necessários
30 presos. Eles vão fazer o rodízio de três presos por bicicleta e nós
vamos fazer com que essa avenida toda, que é onde eu faço caminhadas,
fique iluminada," disse.
O magistrado disse que todos os detentos passam por acompanhamento
médico e físico periodicamente. E que o projeto tem o acompanhamento da
Defensoria e do Ministério públicos, já que ele recebeu reclamações de
pessoas da Comissão de Direitos Humanos em Belo Horizonte: "16 horas
pedaladas dá um dia a menos na pena do detento. Pela nossa conta ele
demora de três até quatro dias para conseguir esse tempo para reduzir a
pena dele. O defensor público ouve todos os detentos periodicamente e
ninguém reclamou até hoje. Pelo contrário, os presos nos enviam cartas
agradecendo pela oportunidade de fazer algo na cadeia.
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