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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Clonando Pensamento: Nomes de rua em Santarém

OS ESQUECIDOS

Por Pe. Sidney Augusto Canto (*) - Site No Tapajós.
Não é a primeira vez (e nem será a última) que uma rua muda de nome em Santarém (e não somente aqui, porque isso é prática de norte a sul deste pais). Acho justa a homenagem que a Câmara Municipal e a Prefeita fizeram ao maestro Wilson Fonseca (carinhosamente chamado de Isoca). Contudo, agora me reporto a pessoas que estão esquecidas e que ainda carecem de homenagens por parte do nosso poder público: vereadores(as) e prefeitos(as).

Neste ano o maestro Isoca esteve em evidência por conta do seu centenário. Contudo, não era somente ele que fez centenário de nascimento… Os outros foram esquecidos pelos nossos governantes… Existem pessoas que morreram antes do maestro Isoca e ainda não receberam sequer uma “menção honrosa” por parte de nossos nobres “edis” ( e aqui pode-se elencar até mesmo ex-prefeitos já falecidos que entram no “rol dos esquecidos”)…

Penso, repito, que a homenagem ao maestro é justa. O esquecimento para com outros(as) notáveis santarenos (ou pessoas que amaram esta terra como se o fossem naturais daqui) é que é uma injustiça muito grande…

Quero lembrar que um dos objetivos do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, IHGTap, é justamente o de prestar assessoria ou dar aval histórico para os organismos públicos ou privados que agem diretamente ou indiretamente no que tange à nossa história.

Não seria ruim, e de fato convido meus confrades a uma discussão sobre o tema, fazer um levantamento sobre como homenagear, ou ao menos tirar do ostracismo, nomes de personalidades que marcaram a história para que injustiças possam ser corrigidas.

Qualquer leitor do “Programa da Festa” deste ano poderia se perguntar: que homenagem a “Câmara Municipal” ou a “Prefeitura” fizeram a Dom Tiago e ao Dom Floriano no ano de seus centenários de nascimento?

Vamos voltar lá no início... Qual é a rua (ou praça) da cidade que leva o nome do padre Bettendorff? E o padre Gorzoni, Jesuíta que introduziu o “Sairé” entre os “curumins e cunhantãs” tapajoaras? Graças a Deus temos a Maria Moaçara, grande princesa, homenageada, mas não temos nenhuma artéria com o nome do Tuxaua André (primeiro tapajoara nomeado diretor dos índios pelo governador Mendonça Furtado). O que dizer da moradora do bairro da Aldeia, a índia Suzana, mãe do capitão mor da Vila de Santarém: Paulo Rodrigues, que em 1784 encantou o governador do Grão Pará com suas “cuias pintadas”?

E os nossos primeiros e nobres edis? Que rua ou praça temos com o nome deles? Só para lembrar eles eram: Paulo Azevedo de Brito e André Antonio de Siqueira (Juizes Ordinários). Vereadores: Manoel Correa Picanço, Domingos Jorge Furtado e José de Souza e Silva. E o primeiro PRESIDENTE DA CAMARA, que era o padre Raimundo José Auzier (que também é o PRIMEIRO PADRE nascido em terras santarenas), porque ainda é esquecido?

E pra não dizer que só estou falando de padres, alguém aí conhece a rua ou a praça “Thomas Hennington” o PRIMEIRO pastor evangélico e, ainda por cima, o construtor do antigo TRAPICHE de Santarém?

E mais ainda: não temos nenhuma rua “Von Martius” que fez Santarém tão famosa, pelo seu presente à Igreja Matriz, que o próprio Presidente Getúlio Vargas fez questão de “parar” em Santarém com a intenção explícita de ver o “ex-voto” do grande naturalista.

E os nossos chefes cabanos? Belém homenageia Batista Campos e Eduardo Angelim, até mausoléu especial os chefes da cabanagem tem no “Entrocamento”. Mas, e os nossos? Cadê a homenagem ao Braz Antônio Correa Miranda (chefe de Ecuipiranga), Bonifácio Arruda, Ermenegildo Valente e o nosso Maparajuba?

E aos prefeitos esquecidos? Aliás, vou começar com a PREFEITA esquecida: a senhora Violeta Moreira Sirotheau, que foi a PRIMEIRA MULHER a governar Santarém e nem uma lembrança para ela... E tem mais aí... Como o Antônio Pinto Brandão, o João Nogueira da Silva, o Raimundo Lopes Brasil...

E o doutor Américo Braga? Um cientista que também nasceu na mesma casa que o Maestro Isoca e que até hoje nem sequer se fala dele nesta cidade? E o Rui Guilherme Paranatinga Barata? Poeta santareno tão admirado fora de nossa cidade e esquecido nela? E os músicos Luciano Lopes dos Santos e o Perílio Cardoso? Eles receberam elogios até do maestro Isoca...

Isso sem contar os mais recentes santarenos falecidos, como Wilde Fonseca, Sebastião Sirotheau, Rosilda Campos, Emir Bemerguy e até artistas como o “Cartolinha”, etc...

Não quero me estender muito... Senão a lista fica grande demais... E assumo que também eu possa estar sendo injusto, pois muito mais gente merece constar desta lista e infelizmente me falta tempo para maiores pesquisas... Mesmo assim, não podemos manter tais figuras no ostracismo histórico e ficarei grato se alguém honradamente acrescentar nomes que precisam e merecem serem lembrados pela posteridade de nossa querida Santarém...

(*) É presbítero da Diocese de Santarém, membro da Academia de Letras e Artes de Santarém – ALAS e presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós – IHGTap.

Um comentário:

  1. Padre, vamos à prática: que a ALAS e o IHGTAP apresentem os estudos e os projetos de leis para valorização de nossas personalidades históricas, como o grande e imortal Maestro Wilson Fonseca. Que o Maestro Izoca sirva de exemplo nessa empreitada.
    Maria Celeste de Santarém.

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