Quando Bento XVI se despedir oficialmente, às 20h desta quinta-feira (16h em Brasília), seu sucessor ainda não será conhecido, mas a Igreja não ficará sem um líder. Até a nomeação do novo Pontífice, ela será comandada por um interino. É o camerlengo, função que só ganha relevância com a morte (ou renúncia, no caso de Bento XVI) de um Papa, mas demanda responsabilidade: é ele que administra os bens da Santa Sé no período de transição. E esse papel de autoridade cabe hoje a um poderoso - e polêmico - cardeal italiano: Tarciso Bertone (foto), de 78 anos, secretário de Estado do Vaticano.
Homem de confiança de Bento XVI, Bertone foi um dos poucos a saber com antecedência sobre sua decisão de renunciar. Ele colaborou por sete anos com Ratzinger, como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. Em 2006, foi nomeado por ele secretário de Estado (segundo cargo mais importante do Vaticano) e, em abril do ano seguinte, foi escolhido camerlengo, em substituição ao espanhol Eduardo Martínez Somalo.
O camerlengo é um dos poucos cargos da Igreja que não é suspenso no período de Sé vacante. Segundo a Constituição Apostólica promulgada em 1996 por João Paulo II, com a saída de um Papa os cardeais que administram escritórios da Cúria, inclusive o secretário de Estado, também deixam seus postos. O camerlengo permanece — e a função se mantém até hoje repleta de rituais, embora Bertone vá escapar de parte da tradição.
Uma das tarefas usuais ao cargo é constatar e notificar a morte do Pontífice, o que não se aplica no caso de Bento XVI, que será mantido Papa emérito. Segundo o protocolo, quando o Papa morre, o camerlengo deve ficar de pé junto ao corpo e chamá-lo três vezes pelo nome de batismo. A tradição prevê ainda que ele bata na testa do líder da Igreja com um pequeno martelo de prata para se assegurar de que ele está morto.
Juramento de silêncio
Sem ter que cuidar de um funeral, Bertone assumirá outras funções. Além de gerenciar o Vaticano - com a ajuda de três cardeais, normalmente os membros mais antigos das ordens de bispo, presbítero e diácono - o camerlengo deve fixar o dia da primeira congregação geral de cardeais, uma reunião de diretrizes, prévia ao conclave.
Também cabem a ele e seus auxiliares lacrar os aposentos do Papa, recolher o Anel do Pescador (símbolo do poder papal), organizar as acomodações dos cardeais participantes do conclave e preparar a Capela Sistina, onde acontecerá a reunião. O camerlengo também recebe o juramento de silêncio do voto dos cardeais e cuida para que o desenrolar da votação permaneça um mistério ao resto do mundo.
Não são segredo, porém, as críticas ao envolvimento de Bertone no escândalo de vazamento de documentos do Vaticano, o VatiLeaks, a seu papel de gestor e de diplomata na Cúria. A atuação como camerlengo o colocará novamente em evidência - e talvez em novas polêmicas. (O Globo)
O camerlengo é um dos poucos cargos da Igreja que não é suspenso no período de Sé vacante. Segundo a Constituição Apostólica promulgada em 1996 por João Paulo II, com a saída de um Papa os cardeais que administram escritórios da Cúria, inclusive o secretário de Estado, também deixam seus postos. O camerlengo permanece — e a função se mantém até hoje repleta de rituais, embora Bertone vá escapar de parte da tradição.
Uma das tarefas usuais ao cargo é constatar e notificar a morte do Pontífice, o que não se aplica no caso de Bento XVI, que será mantido Papa emérito. Segundo o protocolo, quando o Papa morre, o camerlengo deve ficar de pé junto ao corpo e chamá-lo três vezes pelo nome de batismo. A tradição prevê ainda que ele bata na testa do líder da Igreja com um pequeno martelo de prata para se assegurar de que ele está morto.
Juramento de silêncio
Sem ter que cuidar de um funeral, Bertone assumirá outras funções. Além de gerenciar o Vaticano - com a ajuda de três cardeais, normalmente os membros mais antigos das ordens de bispo, presbítero e diácono - o camerlengo deve fixar o dia da primeira congregação geral de cardeais, uma reunião de diretrizes, prévia ao conclave.
Também cabem a ele e seus auxiliares lacrar os aposentos do Papa, recolher o Anel do Pescador (símbolo do poder papal), organizar as acomodações dos cardeais participantes do conclave e preparar a Capela Sistina, onde acontecerá a reunião. O camerlengo também recebe o juramento de silêncio do voto dos cardeais e cuida para que o desenrolar da votação permaneça um mistério ao resto do mundo.
Não são segredo, porém, as críticas ao envolvimento de Bertone no escândalo de vazamento de documentos do Vaticano, o VatiLeaks, a seu papel de gestor e de diplomata na Cúria. A atuação como camerlengo o colocará novamente em evidência - e talvez em novas polêmicas. (O Globo)
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