Uma tragédia que deixou 242 mortos e
enlutou o país; um inquérito criminal apontando, com vários indícios, a
responsabilidade dos proprietários da casa e de dois músicos pela
tragédia; a comoção das famílias pela perda dos filhos, jovens
universitários que tiveram os sonhos cruelmente interrompidos; e o
clamor nacional por justiça. Nada disso, no entanto, foi suficiente para
manter na cadeia até o julgamento os sócios da Boate Kiss, Elissandro
Spohr e Mauro Hoffmann, e os integrantes da banda Gurizada Fandagueira, o
cantor Marcelo dos Santos e o produtor Luciano Bonilha Leão e dois
integrantes da banda Forrozeira. Ontem, a Justiça do Rio Grande do Sul
mandou soltar provisoriamente os quatro acusados, que estavam detidos
poucos dias após o incêndio na boate, em Santa Maria.
A decisão provocou a revolta dos
moradores de Santa Maria. “Não acredito mais na Justiça do Brasil”,
lamentou presidente Associação de Familiares de Vítimas e Sobreviventes
da Tragédia de Santa Maria, Adherbal Alves Ferreira. “Vamos ter de
recorrer para mais uma instância, e isto vai ser mais um desastre
emocional para as famílias”, disse Adherbal.
A decisão foi tomada por unanimidade entre os
desembargadores da 1ª Câmara Criminal do TJ do Rio Grande do Sul, por
três votos a zero. Magistrados entenderam que os quatro réus não
representam riscos para o processo e para as vítimas. Os quatro
investigados são acusados de homicídio doloso qualificado e 636
tentativas de homicídio no incêndio do dia 27 de janeiro.
O fogo na boate teve início na apresentação da
banda Gurizada Fandangueira, que fez uso de artefatos pirotécnicos no
palco. O inquérito policial indiciou 16 pessoas criminalmente e
responsabilizou outras 12.
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