Matheus Nachtergaele (foto) acaba de estrear “Na Quadrada das Águas
Perdidas”, em que vive o sitiante Olegário, que precisa vencer os
desafios da caatinga para conseguir chegar até a cidade e trocar seus
animais por alimento. Ele é o único ser humano em cena e, nessa jornada
solitária, um urubu fica à espreita, esperando que, um a um, o burrinho
que o carrega, suas cabras e ele mesmo sucumba à falta d’água e a outros
perigos. O ator fala sobre o longa:
* Sobre as dificuldades de filmar no sertão.
“Passamos 10 dias na caatinga, de sol a sol, de espinho, flor e momentos
de puro êxtase. O exército nos acompanhava, nos alimentava e os
soldados caatingueiros me ensinavam, a cada momento, tudo que eu deveria
fazer: como abrir uma cabeça-de-frade e dela tirar comida e água, como
caçar um lagarto, como chegar ao coração da colmeia. Tudo foi inusitado,
lindo e dolorido.”
* Sobre a hostilidade imposta a ator e personagem.
“Vivemos todos, caatingueiros ou não, num mundo certo hostil. Os
desafios, em arte, são sempre uma espécie de volta à origem da função do
ofício. Não lidar com desafios é que pode, sim, tirar um ator do prumo!
Me pareceu lindo estar sozinho diante da natureza, sem diálogos, sem
conflitos neuróticos. De certa forma, me pareceu uma chance de orar.”
* Sobre ter emprestado dinheiro para a produção, que ficou sem recursos na metade do caminho.
“A parceria é uma característica dos projetos de risco. Dos projetos de
coragem. Fiz e farei isso várias vezes na minha vida, espero. Faço TV,
filmes blockbuster e filmes ditos de autoria. Sempre foi assim. Sempre
será.”
* Sobre a necessidade de fazer TV [ele está no ar em "Saramandaia"]. “A TV é muitas vezes a única forma de alguém ter contato com
dramaturgia, poesia, diversão. É talvez o momento de maior
responsabilidade na vida de um ator. Adoro trabalhar para as pessoas
todas.”
Veja cenas do filme aqui >"Inusitado, lindo e dolorido"
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