A cada par de
semanas um grupo de pessoas – comumente uma dezena de profissionais do
Vale do Silício e Wall Street, acadêmicos e gente de Hollywood – paga
pelo privilégio de abandonar seus smartphones, laptops, PCs e tablets, e
passar alguns dias num hotel na Califórnia, para uma 'desintoxicação
digital'.
Sem
suas telas, eles caminham, nadam e praticam ioga num esforço deliberado
para restabelecer algum equilíbrio nas suas vidas, após terem ido longe
demais nos atos de navegar, mandar mensagens de texto e “tuítar”.
Essas
escapadas são cada vez mais comuns. Chamadas de dieta digital,
desconexão, desintoxicação ou abandono da rede, elas fazem parte de um
movimento crescente para ajudar os americanos ligados demais a se
afastar um pouco da tecnologia e das mídias digitais.
Alguns
hotéis fizeram experiências criando pacotes para visitantes que querem
ficar livres da tecnologia. O “check-in” e o “check-out” no Lake Placid
Lodge nas montanhas de Adirondacks, em Nova York, por exemplo, exige que
os hóspedes deixem seus aparelhos eletrônicos na recepção e os
substituam por atividades como aulas de culinária, pesca e leitura de um
livro best-seller em papel.
Os hotéis Marriott
e Renaissance, no Caribe e no México, estabeleceram áreas sem
tecnologia chamadas “Braincation Zones” (um trocadilho com as palavras
cérebro e férias, em inglês), onde os hóspedes são incentivados a
conversar, ler e jogar jogos.
Nos últimos
quatro anos, uma organização chamada Reboot (reiniciar, em inglês)
organizou um “Dia Nacional de Desconexão”. Durante 24 horas, começando
no entardecer da primeira sexta-feira de março, os participantes do
evento prometem fazer uma pausa total da internet.
Ironicamente,
existem até aplicativos que podem ser baixados para se desconectar. Um
programa chamado Freedom bloqueia o acesso à internet no seu computador
por até oito horas. Outro, chamado SelfControl, permite que você
bloqueie websites específicos por 24 horas de uma só vez.
Steve
Lambert, fundador do SelfControl, diz que o valor do seu aplicativo é
que ele deixa os usuários conscientes do seu comportamento – vendo-se
bloqueados cada vez que tentam entrar no Facebook, por exemplo, eles
percebem como é frequente esse comportamento.
Levi
Felix, fundador do Digital Detox, diz que o objetivo desses retiros sem
tecnologia não é desligar completamente as pessoas, mas ajudá-las a
serem mais “conscientes” do uso da tecnologia.
Em
2011, mais de 27% dos americanos estavam “conectados em alto grau”, ou
seja, estavam conectados à internet a partir de múltiplos locais e
aparelhos, segundo o US Census Bureau.
Já a
consultoria Nielsen diz que 60% dos americanos possuem smartphones –
dando a eles a capacidade constante de acessar a internet, e-mails e as
redes sociais. Algo que traz a expectativa de estar sempre online.
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