No momento em que o PSDB tenta se viabilizar como a principal alternativa oposicionista para a sucessão presidencial, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso chamou de “aventura” uma eventual candidatura do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, à Presidência da República. Embora não esteja sequer filiado a um partido, o ministro tem aparecido bem posicionado em pesquisas de intenção de voto e pode representar uma ameaça a pré-candidatos como o senador Aécio Neves (PSDB) e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB).
Para o tucano, o ministro não tem as “características necessárias” para governar o país. Mas destacou que uma candidatura a outros cargos seria bem-vinda. — Eu tenho admiração por ele. Acho que uma candidatura não diretamente à Presidência seria mais positiva, como o Senado ou a vice-presidência. Não creio que ele tenha as características necessárias para conduzir o Brasil sem provocar grandes crises.
Na condução da Corte máxima do país, Barbosa tem se envolvido em polêmicas e enfrentamentos principalmente com o Congresso. Mas a projeção que ganhou junto à população por sua atuação no julgamento do mensalão foi mais forte e despertou o interesse de alguns partidos. Em 2013, algumas propostas de filiação chegaram até Barbosa, que, na mais recente pesquisa Datafolha, publicada no fim de novembro, teve 15% das intenções de voto e ficou à frente de Aécio (14%) e Campos ( 9%). PSDB e PSB brigam pelo posto de principal representante da oposição contra a presidente Dilma Rousseff.
Apesar do assédio de alguns partidos, Fernando Henrique disse também que falta ao ministro “traquejo” para a vida partidária: — É difícil imaginar o Joaquim Barbosa numa vida partidária porque ele não tem o traquejo para isso. Uma coisa é ser juiz. Outra coisa é ter a capacidade de liderar um país.
Barbosa tem evitado falar publicamente sobre o assunto. Por ser magistrado, ele tem um prazo para filiação partidária mais elástico do que qualquer outro cidadão. Ele pode decidir por aderir a uma legenda até abril de 2014 e ainda disputar a eleição. Nos demais casos, é exigido um tempo mínimo de um ano de filiação.
O rótulo de “salvador da pátria", associado a Barbosa nos últimos meses por conta do desempenho dele na condenação de réus no julgamento do mensalão, foi considerado “perigoso” por FH: — Acho que as pessoas estão tão descrentes das instituições que procuram sempre heróis salvadores. Acho que o ministro Joaquim Barbosa atuou com perseverança, clareza e usando uma linguagem direta para o povo entender. Mas daí a tratá-lo como salvador da pátria. Salvador da pátria não dá bom resultado. Isso mostra que a nossa democracia ainda não está consolidada. É perigoso. (O Globo)
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