Papa Francisco nomeou 19 novos cardeais durante cerimônia
Titular de uma das mais importantes arquidioceses do país, Dom
Orani João Tempesta aguardou quase cinco anos para virar cardeal. A
ascensão ao cardinalato do arcebispo do Rio costumava ocorrer com muito
mais rapidez. Mas a espera foi recompensada. Sua promoção ocorreu numa
cerimônia histórica e inédita, que contou com a presença de dois papas:
Francisco e o emérito, Bento XVI, que renunciou ao cargo no dia 28 de
fevereiro do ano passado. Dom Orani passará também a ser bispo de uma igreja de Roma — a
escolhida pelo Vaticano foi a de Santa Maria da Divina Providência.
Dom Orani recebe título de cardeal do Papa Francisco
Cada cardeal recebeu título de uma igreja de Roma. A Dom Orani coube a Igreja de Santa Maria Mãe da Providência
O veterano Papa Emérito, de 86 anos,
quase roubou a cena na festa dos novos cardeais. Em sua primeira
aparição pública desde que passou a viver recolhido, Bento XVI foi muito
aplaudido ao entrar na Basílica de São Pedro e recebeu abraços de todos
os 19 bispos que chegaram ontem ao cardinalato. “Fui até ele manifestar
meu agradecimento. Foi ele que escolheu o Rio para sede da Jornada
Mundial da Juventude”, disse Dom Orani. Francisco cumprimentou o
antecessor duas vezes.
Dom Orani recebe cumprimentos do papa emérito Bento XVI
Presidenta Dilma Rousseff acompanhou a cerimônia
Durante a criação — esta é a palavra usada pela Igreja para definir o ato — dos novos cardeais, Francisco fez um apelo pela paz e contra a perseguição e a discriminação. Citou especialmente os perseguidos por conta de suas convicções religiosas. “Invocamos a paz e a reconciliação para os povos que, nestes tempos, vivem provados pela violência, a exclusão e a guerra”, afirmou.
Na cerimônia, foi lido trecho do Evangelho de São Marcos em que Jesus enfatiza a necessidade de seus seguidores não se preocuparem com a glória: deveriam se concentrar na prestação de serviços à humanidade.
'Não dá pra pensar muito' - Mais tarde, ao chegar para receber cumprimentos
no auditório Paulo VI, ao lado da Basílica de São Pedro, Dom Orani
disse que não teve nenhum pensamento especial ao receber o barrete e o
anel cardinalícios. “Não dá pra pensar muito naquela hora”, justificou.
Bem-humorado, brincou ao ser perguntado sobre como se sentia todo
vestido de vermelho. “Não sei, não fico olhando pra mim ...”
Hoje (23), todos os novos cardeais participarão de
missa na Basílica de São Pedro. Amanhã, Dom Orani presidirá celebração
na Igreja de São Sebastião, em Roma, onde estão os restos mortais do
padroeiro do Rio. Depois, embarcará para o Brasil, onde chegará na manhã
de terça. Ao chegar ao Rio, visitará a Igreja Cristo Redentor, em
Bonsucesso. Às 18h, estará em missa solene na Catedral Metropolitana.
Brasil tem dez cardeais - Com a nomeação de Dom Orani, sobe para dez o
número de cardeais brasileiros. Eles ocupam o cargo mais alto da
instituição depois do pontífice. Atualmente, o país com mais cardeais é a
Itália (51), seguida dos Estados Unidos (19). O Brasil vem em terceiro,
empatado com Alemanha e Espanha.
Segundo o Monsenhor Sérgio Costa Couto, a
missão fundamental desses líderes religiosos é eleger o Papa. “Mas é
claro que isso é uma coisa que acontece no máximo duas vezes na vida de
um cardeal. Por isso, eles são também conselheiros e têm outros cargos
na Igreja”, explica.
Para participar do conclave que escolhe o novo
pontífice, os cardeais precisam ter menos de 80 anos. Atualmente, o
Vaticano tem 122 eleitores e 96 não-eleitores, totalizando 218.
Sobre as mudanças na rotina de Dom Orani, o
monsenhor foi objetivo: terá mais trabalho. “Ele é uma pessoa fácil de
lidar e tem acesso amplo ao Papa. Isso pode aproximar ainda mais o Rio
do Vaticano”, disse. (O Dia)
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