O governo federal prepara uma ofensiva com foco publicitário para desarmar a bomba das manifestações com o mote Não vai ter Copa e transformar o Mundial em dividendos políticos para a presidente Dilma Rousseff. O primeiro passo foi oficializado ontem com a troca do comando da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República. Na quinta-feira, a ministra da Secom, Helena Chagas, pediu o afastamento do cargo, que será ocupado pelo jornalista Thomas Traummann (foto abaixo), atual porta-voz da Presidência.
Helena Chagas e Traummann
A avaliação de um interlocutor próximo à presidente é que a comunicação falhou na falta de publicidade em relação ao governo. “Estamos sofrendo um ataque brutal por causa da Copa. Quem sabe, por exemplo, que os investimentos em infraestrutura são maiores que os dos estádios? Não tem uma ofensiva para enfrentar os ataques”, analisou. O entendimento predominante é de que o cidadão é induzido a achar que o Mundial está tirando os investimentos de outros setores. “Mas será que se não tivesse Copa o dinheiro chegaria aos outros setores? Isso tem que ser avaliado”, argumenta.
A nova proposta do governo será esclarecer quanto está sendo gasto
com cada área e dizer qual a importância da Copa para o Brasil. Dados do
Ministério do Esporte mostram que, até setembro, os investimentos em
estádios estavam na ordem de R$ 8 milhões, enquanto em mobilidade
urbana, aeroportos e portos chegam a aproximadamente R$ 15 milhões.
“Esse tipo de informação isola ou reduz a importância daqueles que
querem quebrar tudo, como agências bancárias, sob o argumento de que é
símbolo do capitalismo. As manifestações vão ocorrer, mas não se pode
permitir que esse tipo de corrente acabe tomando conta do conjunto”,
ressalta.
Mesmo com o entendimento de que os protestos podem ser abafados com a ofensiva, o maior medo, porém, é da violência. Segundo o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, tanto a Secretaria de Grandes Eventos quanto a Defesa têm trabalhado de forma coordenada com os governos estaduais em um plano que buscará dar padrão “elevadíssimo” de segurança durante a Copa. “Se existir manifestação durante a Copa do Mundo, que se garanta a liberdade de ir às ruas, mas sem prejuízo do turismo, sem prejuízo dos jogos, sem prejuízo dessa grande festa que o Brasil terá com esta Copa e depois com as Olimpíadas”, minimizou.
A promessa do governo em relação aos protestos é atuar apenas quando a situação gerar vandalismo. Ele ressaltou que a posição do Planalto é clara: garantia do direito de protestar, pouco importando se concorda ou não com aquilo que é manifestado. “Quando tem situações ilícitas, aí o aparato policial e punitivo do Estado tem que agir para que isso não se coloque”, destacou o ministro.
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