O Papa Francisco denunciou ontem a “cumplicidade
inexplicável” da Igreja Católica com padres pedófilos que cometeram
abusos sexuais. Ele também implorou pelo perdão das vítimas dos crimes,
ao encontrar-se pela primeira vez com algumas delas, no Vaticano. “Há
muito tempo sinto no coração uma profunda dor, um sofrimento tanto tempo
oculto, tanto tempo dissimulado com uma cumplicidade que não tem
explicação”, disse o Pontífice em comovente homilia diante de seis
vítimas.
O encontro aconteceu após missa na residência privada de
Francisco, a Casa Santa Marta, onde ele mora desde sua eleição em março
de 2013. O pontífice recebeu dois britânicos, dois alemães e dois
irlandeses, cujos nomes não foram revelados. A reunião tinha sido
anunciada pelo próprio Papa, em 26 de maio, durante voo de volta após
viagem ao Oriente Médio.
“Diante de Deus expresso minha dor
pelos pecados e crimes graves de abusos sexuais cometidos pelo clero
contra vocês e humildemente peço perdão”, afirmou. Ele também reconheceu
que os líderes católicos “não responderam adequadamente às denúncias de
abuso apresentadas por familiares e por aqueles que foram vítimas de
abuso”.
“Não há lugar na Igreja para os que cometem
estes abusos, e me comprometo a não tolerar o dano infligido a um menor
por parte de ninguém”, ressaltou. Francisco também disse que sente a dor
dos suicídios de vítimas. “As mortes destes filhos tão amados por Deus
pesam no coração e na minha consciência e de toda a Igreja”
O Papa se comprometeu desde o início a lutar
contra a pedofilia e criou uma comissão para a proteção da infância, que
tem entre seus integrantes uma vítima, a irlandesa Mary Collins.
Algumas associações de vítimas, porém, consideram que a Igreja não está
fazendo todo o possível para impedir que padres abusem de menores. As
vítimas pedem que as “boas intenções” manifestadas pelo Papa virem
normas específicas. (O Dia)
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