Por Fábio Porchat
Eu estava passando os olhos pela revistinha de sexta-feira do Estadão e analisando possíveis programas para o final de semana. Filmes? Peças? O que que eu quero? Do lado de cada quadradinho de 2 cm por 2 falando sobre os filmes, há um número de estrelas que julgam aquele filme. Foi então que me dei conta de que aquelas estrelas são aferidas por uma pessoa. Uma só. Um cara assistiu àquele filme e não gostou. Aí ele disse que o filme é muito ruim. E aí o jornal assume que deve ser isso mesmo. Quê? Não sei, mas me parece que isso está errado.
Sente na mesa com dez amigos. Pergunte a eles quem assistiu ao filme X. Cada um vai ter uma opinião, vai achar uma coisa diferente e vai gostar menos ou mais. Por que então, uma pessoa detém desse "poder"? Se ela gostar, significa que é bom? Entendo a função da crítica e acho totalmente válida, mas a minha colocação aqui é outra: será que é assim que deveria ser? Em tempos de reforma política, tributária e agrária, por que não colocarmos em pauta também a reforma da crítica?
Antes de mais nada, você sabe como um crítico assiste a um filme? Vou te contar. Em uma sessão feita exclusivamente para a imprensa, cerca de 30 jornalistas (às vezes menos, bem menos) vão às 10 da manhã para uma sala de cinema assistir ao filme. Não me parece a coisa mais excitante do mundo, certo? Imagine se eu te ligasse às 9 da manhã de uma segunda-feira e te falasse: ei, vamos ao cinema agora? Quantas vezes você já acordou às 9 da manhã para assistir a um filme? Não estamos exatamente no melhor dos nossos humores para rir do Leandro Hassum às 9 da manhã, né? Pra comédia então, esse padrão de análise é o pior dos mundos. Faz muita diferença uma plateia lotada, rindo ao seu lado. Agora, e se o crítico nesse dia estiver de mau humor? E se ele não gostar de filmes de guerra? Ou musicais? E se ele estiver com sono porque no domingo à noite saiu com os amigos? E se ele estiver com a mãe no hospital? E se ele brigou com a namorada? Enfim, existem muitas variáveis que podem interferir diretamente na opinião de uma pessoa. Porque, além da análise técnica, existe uma questão que é única, o gosto pessoal. E gosto, como se bem sabe, não se discute. Então, como é possível que o resultado do trabalho de uma equipe de 100 pessoas, que deram duro durante três meses em prol daquele filme, pode ser julgado por uma pessoa só e aquela opinião passe a ser a "opinião do jornal". São opiniões que se baseiam no gosto particular de um só indivíduo.
Quantas vezes você já se pegou falando, puxa, a crítica falou superbem? Quem falou bem não foi a crítica. Foi uma pessoa que viu aquele filme e gostou. Parece que nós, como público, precisamos dessa "simplificação" do jornal para agilizar nosso processo de escolha. Mas precisamos mesmo?
Perceba, o problema aqui não é a crítica, acho a sua existência interessante e, quando bem feita, boa ou ruim, uma ótima fonte para discussões. O ponto aqui é outro. É o que o veículo de informação faz com ela. Talvez uma boa sugestão fosse o jornal sempre publicar duas críticas. Uma falando das qualidades e outra dos defeitos. Aí poderíamos, pelo menos, colocar na balança. Voto pelo fim das estrelinhas. Pelo fim do bonequinho. Pelo fim do rótulo raso. O crítico viu e gostou? Maravilha, agora vá lá você e tire suas conclusões!
Sente na mesa com dez amigos. Pergunte a eles quem assistiu ao filme X. Cada um vai ter uma opinião, vai achar uma coisa diferente e vai gostar menos ou mais. Por que então, uma pessoa detém desse "poder"? Se ela gostar, significa que é bom? Entendo a função da crítica e acho totalmente válida, mas a minha colocação aqui é outra: será que é assim que deveria ser? Em tempos de reforma política, tributária e agrária, por que não colocarmos em pauta também a reforma da crítica?
Antes de mais nada, você sabe como um crítico assiste a um filme? Vou te contar. Em uma sessão feita exclusivamente para a imprensa, cerca de 30 jornalistas (às vezes menos, bem menos) vão às 10 da manhã para uma sala de cinema assistir ao filme. Não me parece a coisa mais excitante do mundo, certo? Imagine se eu te ligasse às 9 da manhã de uma segunda-feira e te falasse: ei, vamos ao cinema agora? Quantas vezes você já acordou às 9 da manhã para assistir a um filme? Não estamos exatamente no melhor dos nossos humores para rir do Leandro Hassum às 9 da manhã, né? Pra comédia então, esse padrão de análise é o pior dos mundos. Faz muita diferença uma plateia lotada, rindo ao seu lado. Agora, e se o crítico nesse dia estiver de mau humor? E se ele não gostar de filmes de guerra? Ou musicais? E se ele estiver com sono porque no domingo à noite saiu com os amigos? E se ele estiver com a mãe no hospital? E se ele brigou com a namorada? Enfim, existem muitas variáveis que podem interferir diretamente na opinião de uma pessoa. Porque, além da análise técnica, existe uma questão que é única, o gosto pessoal. E gosto, como se bem sabe, não se discute. Então, como é possível que o resultado do trabalho de uma equipe de 100 pessoas, que deram duro durante três meses em prol daquele filme, pode ser julgado por uma pessoa só e aquela opinião passe a ser a "opinião do jornal". São opiniões que se baseiam no gosto particular de um só indivíduo.
Quantas vezes você já se pegou falando, puxa, a crítica falou superbem? Quem falou bem não foi a crítica. Foi uma pessoa que viu aquele filme e gostou. Parece que nós, como público, precisamos dessa "simplificação" do jornal para agilizar nosso processo de escolha. Mas precisamos mesmo?
Perceba, o problema aqui não é a crítica, acho a sua existência interessante e, quando bem feita, boa ou ruim, uma ótima fonte para discussões. O ponto aqui é outro. É o que o veículo de informação faz com ela. Talvez uma boa sugestão fosse o jornal sempre publicar duas críticas. Uma falando das qualidades e outra dos defeitos. Aí poderíamos, pelo menos, colocar na balança. Voto pelo fim das estrelinhas. Pelo fim do bonequinho. Pelo fim do rótulo raso. O crítico viu e gostou? Maravilha, agora vá lá você e tire suas conclusões!
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