Assim, as vésperas da partida decisiva contra o Paragominas, no próximo domingo, na Arena Verde, pelo Campeonato Paraense, o clima de turbulência voltou a tomar conta do Baenão.
Os porta-vozes do elenco foram o goleiro Fabiano, o zagueiro Ciro Sena, o meia Eduardo Ramos e o atacante Rafael Paty. De acordo com eles, apenas parte dos atletas recebeu os vencimentos de fevereiro de forma integral e alguns dos mais antigos estariam com cinco ou até seis meses de salários atrasados. Apesar disso, os quatro garantiram que os jogadores irão treinar normalmente hoje e amanhã e negaram qualquer possibilidade de não entrar em campo diante do PFC, na partida que irá decretar a classificação ou não do clube às semifinais da Taça Estado do Pará.
“O doutor Henrique Custódio foi muito infeliz ao relatar que os salários foram quitados e até agora não foi quitado o mês de fevereiro com alguns jogadores”, disparou Rafael Paty, que abriu a coletiva avisando que os jogadores não responderiam nenhuma pergunta dos repórteres presentes. Ao lado do atacante, na sala de imprensa do Baenão, estavam quase todos os outros jogadores do elenco e o técnico Cacaio.
Em seguida, quem tomou a palavra foi o goleiro Fabiano. Segundo ele, o Remo ainda não conseguiu pagar sequer um mês em dia neste ano. “Não recebemos nenhum mês em dia. Existem atletas que têm até seis meses de salários atrasados. É muito fácil tirar a responsabilidade e passar para gente. Nos expusemos dentro de campo, não faltamos treinos, não fazemos greve. Estamos aqui esclarecendo que foi dito que o salário de fevereiro foi pago e não foi”, declarou. “Foi a terceira promessa de quitação do mês de fevereiro não cumprida. Vamos jogar domingo e treinar normalmente. Nossa obrigação, vamos fazer”, acrescentou.
Mercenários - O arqueiro deixou claro que os jogadores não querem se eximir de nenhuma culpa ou serem chamados de “mercenários”, mas apenas “colocar a limpo toda essa situação, porque somos cobrados de maneira veemente e muita gente, principalmente a torcida, não pode se enganar e precisa estar ciente do que está acontecendo aqui dentro”, esclareceu Fabiano.
Já o meia Eduardo Ramos, que alega ter aceitado redução salarial para seguir no clube em 2015, disse que o time vai lutar pela vaga nas semifinais da Taça Estado do Pará unicamente em respeito à torcida azulina. “Vamos em busca dessa classificação, mas apenas pela torcida, pois a diretoria não cumpriu com nada que nos prometeu”, afirmou Ramos, que está fora do jogo de domingo por conta de uma lesão na coxa esquerda.
Crise impulsiona oposição ao Presidente
A questão salarial levantada pelo elenco do Remo chega num momento em que parte da torcida e até membros do Conselho Deliberativo do clube pressionam pela renúncia do presidente Pedro Minowa e de toda a sua diretoria. A ideia dos opositores ao mandatário eleito no final do ano passado é deixar o comando da agremiação nas mãos de uma junta governativa para solucionar os problemas financeiros. Na segunda-feira passada, o conselheiro Heitor Freitas Filho protocolou um pedido de destituição de Pedro Minowa e Henrique Custódio dos cargos de presidente e vice do Remo, respectivamente, sob a acusação de gestão temerária. No documento encaminhado ao presidente do Condel azulino, Manoel Ribeiro, o torcedor e sócio do clube alega que a atual diretoria teria cometido uma série de irregularidades.
Entre outras coisas, Freitas Filho acusa Minowa de ter assinado, sem ler, um contrato com uma empresa de confecção de ingressos. Posteriormente, este contrato teria sido deixado de lado para que o clube fechasse um novo vínculo com outra empresa. O problema, segundo o conselheiro remista, seria que o primeiro contrato teria multa rescisória de R$ 500 mil. O que poderia, em caso de cobrança, comprometer ainda mais as já combalidas finanças do clube.
Henrique Custódio justifica com “falha de comunicação”
Em resposta às declarações feitas pelos jogadores na manhã de ontem, quando o elenco azulino denunciou o não-pagamento integral dos vencimentos de fevereiro, o vice-presidente do Remo, Henrique Custódio, procurou a imprensa, ainda pela manhã, no Baenão, para se posicionar publicamente sobre o assunto. O dirigente se defendeu dizendo que tudo não passou de uma “falha de comunicação” e garantiu que o clube trabalha para solucionar o problema, no máximo, até o final da tarde de hoje. “Todo profissional tem que receber. Ontem (quarta-feira), eu fui muito claro dizendo que estávamos efetuando o pagamento de alguns atletas. Alguns atletas tiveram totalmente resolvida a situação do mês de fevereiro, mas coloquei que têm alguns pendentes e que iremos resolver até sexta-feira ou na próxima semana. Está faltando um valor em torno de R$ 80 mil. O mais importante é que eu já conversei com os atletas e de tarde vou conversar novamente. A diretoria vai resolver isso. Podem acreditar”, afirmou Custódio.
Apesar de o cartola alegar ter sido mal interpretado, suas declarações dadas a vários veículos de comunicação no início da noite de quarta-feira davam a entender que a direção do clube estava efetuando naquele momento o pagamento do complemento dos salários de fevereiro a todo o elenco azulino. “Sim, já quitamos o que faltava referente ao mês de fevereiro. Todos os atletas receberam. Temos uma ou outra situação pendente, mas vamos resolver tudo até sexta-feira”, respondeu Custódio, na ocasião, a um repórter de uma emissora de rádio local.
“Estamos pagando os atletas hoje, pagando o mês de fevereiro. Também estamos nos programando para pagar o mês de março em breve, na luta até o dia 16 a 20 de abril para quitarmos tudo, inclusive com os demais funcionários do Clube do Remo”, acrescentou Custódio, em entrevista à Rádio Liberal AM.
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