Depois da reunião, Temer disse aos jornalistas que terá autonomia na nova função, o que lhe permitirá, inclusive, nomear pessoas. Ele ressaltou, porém, que isso será sempre acertado antes com a presidenta Dilma Rousseff. "Tenho autonomia para fazer todos os levantamentos, todos os estudos. E não é apenas esse ponto. Mas o diálogo com o Congresso é o que me cabe, e o farei com muito prazer", acrescentou.
Temer negou que haja “ingovernabilidade” hoje no país. “Evidentemente, o Executivo não governa sozinho. Governa com o Congresso Nacional. Então, para bem governar o Executivo, é preciso ter o apoio político e legislativo do Congresso. E, para isso, é [preciso] diálogo. E é o que temos feito e vamos fazer ao longo do tempo”, reforçou.
O vice-presidente disse aos jornalistas que o tema de sua conversa com Lula foi a reforma política. Segundo ele, há pouco tempo, os relatores da Comissão de Reforma Política do Congresso pediram sua ajuda. Ele explicou que, embora a reforma seja competência do Congresso Nacional, atendendo ao pedido dos relatores, ele decidiu visitar e conversar com presidentes de partidos políticos e também ex-presidentes da República “para enfatizar a tese da reforma política”.
“Encontrei nele [Lula] um entusiasmado pela reforma política e disposto a, se for o caso, ir a Brasília para conversar sobre o assunto”, afirmou Temer, que pretende conversar também com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, embora ainda não saiba quando será o encontro.“Já falei com o presidente do PSDB, [senador] Aécio Neves [MG], e tenho falado com o Rui Falcão, presidente do PT. É um gesto simbólico, com visitas, para auxiliar a tese de que é fundamental fazer uma reforma. Qual será ela? O Congresso é que vai decidir. Mas estaremos dando uma satisfação à opinião pública, se conseguirmos fazê-la”, acrescentou.
Temer contou que o ex-presidente Lula lhe disse que “talvez ele se saia bem” na função de articulador do governo. “Acho que a presidenta [Dilma Rousseff] me solicitou essa tarefa em face da minha relação de muito tempo com o Congresso Nacional. O fato de ter sido três vezes presidente da Câmara [dos Deputados] e ter 24 anos [de exercício] no Parlamento ajuda nesse diálogo, além do diálogo institucional com os governadores e prefeitos. Ela resolveu passar essas tarefas para a Vice-Presidência. E eu tenho tentado cumpri-las com muita tranquilidade.”
Sobre a presidência do PMDB, Temer admitiu que pode deixar o cargo. “Vou examinar isso na semana que vem. Já tenho conversado sobre isso.” Lula não falou com a imprensa após o encontro com Temer.
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