Por Frei Betto - jornal O Dia
A crise brasileira traduz o esgotamento de um modelo. O capitalismo neoliberal favorece o consumo, e não a produção, o que explica, nos últimos 12 anos, a facilidade de crédito, as desonerações tributárias, o aumento anual do salário mínimo corrigido pela inflação, o maior acesso dos brasileiros ao mercado. No entanto, não se criaram as bases de sustentabilidade para assegurar o acesso, a longo prazo, aos bens de consumo.
O paternalismo populista teve início quando se trocou o Fome Zero, um programa emancipatório, pelo Bolsa Família, meramente compensatório. Passou-se a dar o peixe sem ensinar a pescar.
Embora 36 milhões de pessoas tenham saído da miséria, nada indica que, com o atual ajuste fiscal, número igual de brasileiros não resvalará para a carência extrema, sobretudo impelidos pelo desemprego. O governo facilitou o acidental, não o essencial. O acesso aos bens pessoais, como produtos da linha branca (geladeira, máquina de lavar, fogão, micro-ondas etc.), não foi complementado com o acesso aos bens sociais: educação, saúde, transporte público, segurança e moradia.
O debate político desceu do racional para o emocional. Sabe-se o que repudiar, não o que almejar. Como se o sentimento de ódio e desprezo tivesse consistência política.
Ainda que Dilma sofresse impeachment, quem a substituiria? Michel Temer? Trocar o PT pelo PMDB na presidência da República seria um avanço? E se viesse o PSDB, o que só seria possível com nova eleição, evitaria essa política econômica recessiva e lesiva aos direitos dos mais pobres?
A luz no fim do túnel está na face mais democrática do Brasil: as ruas. Este o palco da soberania nacional, se estamos de acordo que democracia é governo do povo para o povo e com o povo. Somos nós, cidadãos e cidadãs, que escolhemos os políticos que ocupam a estrutura do Estado. Em nosso nome eles governam. Somos nós que, via impostos, financiamos toda a administração estatal, das obras do PAC às passagens aéreas de deputados e senadores. Nós somos a autoridade. Eles, nossos servidores.
Portanto, cabe ao povo brasileiro se manifestar, mobilizar, organizar, criar uma ampla frente de propostas para as mudanças que o nosso país tanto necessita, como o fim do financiamento de campanhas eleitorais por empresas e bancos; a reforma política; a reforma tributária onerando mais quem ganha mais; a reforma agrária nesse território de dimensões continentais. Governo é como feijão, só funciona na panela de pressão
O paternalismo populista teve início quando se trocou o Fome Zero, um programa emancipatório, pelo Bolsa Família, meramente compensatório. Passou-se a dar o peixe sem ensinar a pescar.
Embora 36 milhões de pessoas tenham saído da miséria, nada indica que, com o atual ajuste fiscal, número igual de brasileiros não resvalará para a carência extrema, sobretudo impelidos pelo desemprego. O governo facilitou o acidental, não o essencial. O acesso aos bens pessoais, como produtos da linha branca (geladeira, máquina de lavar, fogão, micro-ondas etc.), não foi complementado com o acesso aos bens sociais: educação, saúde, transporte público, segurança e moradia.
O debate político desceu do racional para o emocional. Sabe-se o que repudiar, não o que almejar. Como se o sentimento de ódio e desprezo tivesse consistência política.
Ainda que Dilma sofresse impeachment, quem a substituiria? Michel Temer? Trocar o PT pelo PMDB na presidência da República seria um avanço? E se viesse o PSDB, o que só seria possível com nova eleição, evitaria essa política econômica recessiva e lesiva aos direitos dos mais pobres?
A luz no fim do túnel está na face mais democrática do Brasil: as ruas. Este o palco da soberania nacional, se estamos de acordo que democracia é governo do povo para o povo e com o povo. Somos nós, cidadãos e cidadãs, que escolhemos os políticos que ocupam a estrutura do Estado. Em nosso nome eles governam. Somos nós que, via impostos, financiamos toda a administração estatal, das obras do PAC às passagens aéreas de deputados e senadores. Nós somos a autoridade. Eles, nossos servidores.
Portanto, cabe ao povo brasileiro se manifestar, mobilizar, organizar, criar uma ampla frente de propostas para as mudanças que o nosso país tanto necessita, como o fim do financiamento de campanhas eleitorais por empresas e bancos; a reforma política; a reforma tributária onerando mais quem ganha mais; a reforma agrária nesse território de dimensões continentais. Governo é como feijão, só funciona na panela de pressão
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