Parque Beto Carrero
Com apenas cinco anos de idade, Sara já conhece o Castelo da Cinderela, já tirou foto com o Mickey, viu o Pateta e se encantou com a Pequena Sereia nos parques da Disney. Ao todo, esteve em Orlando três vezes com a mãe Karin Beyasdorf, de 35 anos, que aproveitava as viagens aos Estados Unidos para voltar com a mala cheia de novidades tecnológicas. “Mas com o dólar do jeito que está, não dá para comprar nem uma orelhinha do Mickey”, disse a gerente administrativa, que vive com a filha em São Paulo. Ainda que os brasileiros estejam cortando o que dá para fechar a conta no fim do mês, o executivo acredita que o parque não vai entrar nessa lista de ajuste fiscal. Ao contrário. Ele espera um aumento de 22% no fluxo de visitantes, com o incremento de quem trocou a viagem para o exterior por um roteiro doméstico. A meta do parque é faturar R$ 180 milhões neste ano.
Desde março, Siqueira e outros três diretores contratados pela mulher e pelo filho do fundador Beto Carrero para conduzir os negócios do parque começaram uma força-tarefa para atrair visitantes. Além da classe média que deixou de ir para Orlando, eles passaram a buscar brasileiros do interior de São Paulo, de Minas e do Nordeste, regiões que respondem por menos de 20% dos visitantes. Também fecharam parceria com empresas de ônibus para não depender apenas da limitada oferta de voos nos aeroportos de Florianópolis e de Navegantes. “O resultado vimos em julho, com aumento de 37% no número de visitantes em relação a 2014”, diz Siqueira.
Na maior agência de viagens do País, a CVC, os destinos Disney e Beto Carrero passam por momentos distintos. Apesar das promoções que chegam a oferecer passagens aéreas a R$ 1 mil para os EUA, o número de passageiros que embarcou para Orlando no primeiro semestre cresceu 9% em relação ao ano passado. A procura continua aumentando, mas num ritmo bem menor. Na comparação de 2014 com 2013, por exemplo, o crescimento foi de 33%. Segundo a CVC, os brasileiros que não abrem mão de ir para a Disney neste momento estão adaptando a viagem com um roteiro menor e sem alguns parques.
Já para o Sul do País e arredores do Beto Carrero World a demanda só aumenta. Segundo a agência, o número de passageiros embarcados para Balneário Camboriú, principal destino de quem vai ao parque, saltou 40% no primeiro semestre deste ano. “Estamos trabalhando fortemente roteiros para famílias e esse é um dos mais procurados”, diz Cleyton Armelin, diretor de produtos nacionais da CVC. Para a alta temporada, a operadora oferece pacotes de três noites, com hospedagem e ingresso para um dia no Beto Carrero por R$ 948 para dois adultos e uma criança. Com aéreo e traslados, sai por R$ 2,6 mil.
Mas há opções para quem quiser estender o passeio para Blumenau ou para Florianópolis, por exemplo. Foi o que fez um casal de médicos do Rio que juntou umas folgas para descansar em Santa Catarina e levar as filhas trigêmeas, de 4 anos, para conhecer o Beto Carrero. Lucas Arantes Braz, de 37 anos, e a mulher Juliana, de 34, estiveram com as meninas na Disney em maio do ano passado, e o projeto era voltar no fim deste ano. “Mas com a alta do dólar, isso não seria inteligente”, diz Braz. “Eu expliquei para elas que Beto Carrero não perde em nada para a Disney. Tem a mesma aura de encantamento e diversão”.
Com 1,2 mil funcionários, o parque ocupa 20% de uma área total de 14 milhões de metros quadrados. Há quatro anos, por iniciativa de Alex Murad, filho de Beto Carrero (falecido em 2008), e presidente do conselho de administração da empresa que administra o complexo, o parque fechou uma parceria com dois dos maiores estúdios de cinema e animação do mundo, o Universal Studios e o Dreamworks Animation.
Por dois anos seguidos, o parque figura na lista dos melhores do mundo pelo site de viagens Trip Advisor. “Só precisamos comunicar melhor essa informação e acabar com o preconceito que ainda existe”, diz Jorge Santos, diretor comercial do parque. “Nosso sonho é o mesmo do fundador: fazer do Beto Carrero a Disney brasileira.” (Estadão)
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