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segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Comemoração do 7 de Setembro é marcada por vaias e bonecos infláveis

A comemoração de 7 de setembro na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, foi marcada por protestos e bonecos inflados da presidente Dilma Rousseff e o já famoso "Pixuleco", que tem o desenho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vestido de presidiário. O intenso isolamento realizado pelo Exército, no entanto, fez com que as manifestações contrárias ao governo não fossem ouvidas ou vistas do palanque ocupado por Dilma e pela cúpula de ministros que forma a articulação política.
A presidente Dilma Rousseff, seu vice, Michel Temer, o Ministro da Defesa, Jaques Wagner, e demais autoridades políticas, participam do Desfile Cívico em comemoração ao Dia da Independência, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília (DF), nesta segunda (Foto: André Dusek/Estadão Conteúdo)
A presidente Dilma Rousseff, seu vice, Michel Temer, o ministro da Defesa, Jaques Wagner, e demais autoridades no desfile do Dia da Independência, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília
Dilma chegou pontualmente às 9h para a cerimônia e ficou ao lado do vice-presidente Michel Temer. Apesar da existência de palanques ocupados por convidados e simpatizantes do governo, foi possível ouvir vaias vindas do lado de fora do evento quando a presidente abriu oficialmente a solenidade. A blindagem à presidente gerou críticas antes mesmo do desfile. Oposição e movimentos sociais disseram que, em razão da baixa popularidade da petista, o Planalto agiu para barrar os protestos. O ministro da Defesa, Jaques Vagner, afirmou que "não há nada de errado" em organizar a cerimônia "para que tenha dignidade". O titular da Comunicação Social, Edinho Silva, disse que as manifestações "fazem parte da democracia", mas admitiu que o "clima de intolerância" preocupa o governo.

Os dois ministros investigados na Operação Lava Jato por suposto uso de dinheiro de propina em campanhas eleitorais, Edinho Silva (Comunicação Social) e Aloizio Mercadante (Casa Civil), participaram do evento e foram defendidos por colegas na saída da cerimônia. Em meio a um desgaste na aliança entre PT¨e PMDB, só Temer e o ministro da Pesca, Helder Barbalho, representaram a sigla. Ministros petistas minimizaram a ausência de caciques do PMDB e disseram que não reflete o "termômetro político".

Com o fim do desfile oficial em comemoração à Independência do Brasil, a Esplanada virou palco de manifestação contra o governo federal. Segundo estimativas oficiais, cerca de 500 pessoas se espalharam pelo local. Alguns manifestantes derrubaram o muro de proteção que foi colocado no gramado central para limitar o acesso dos populares durante o desfile. Policiais civis em greve protestaram, com tentativas de derrubar o mesmo muro, durante a cerimônia. Diversas pichações traziam palavras de ordem como "muro da vergonha" e "#fora Dilma".

Os bonecos de Lula e Dilma, que estouraram ao longo do desfile, foram novamente inflados ao final do evento. A boneca da presidente da República, que foi a surpresa do movimento, tem um pé na lama e um nariz de Pinóquio - personagem conhecido por contar mentiras. Um dos coordenadores do Movimento Brasil, Josan Leite, disse que a boneca da foi feita em São Paulo, como o Pixuleco do ex-presidente Lula, e teve o custo de R$ 13 mil. A boneca tem 13 metros e foi paga com dinheiro do movimento. 
Bonecos do ex-presidente Lula e de Dilma Rousseff foram destaque em manifestação em Brasília
As críticas ao governo vieram também do Movimento de Resistência Popular, que aproveitou o evento para cobrar mais moradias para a população de baixa renda. Um grupo de cerca de 200 pessoas, segundo estimativas da Polícia Militar, surpreendeu o esquema de segurança do desfile de 7 de setembro e queimou cerca de 30 pneus numa das vias de acesso à solenidade.

Lava Jato e reforma - O discurso dos ministros que falaram com a imprensa na saída foi uníssono na defesa de que Edinho e Mercadante são "apenas" investigados, sem que haja qualquer condenação sobre a participação de ambos no esquema de corrupção na Petrobrás. A abertura de investigação contra Mercadante e Edinho traz as apurações da Operação Lava Jato para dentro do Palácio do Planalto. Apesar disso, a sinalização é de que os inquéritos não devem influir na decisão da presidente Dilma sobre troca de pastas na reforma ministerial.

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, sugeriu que ambos devem permanecer no governo mesmo após a abertura das apurações pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki. "A presidente é quem decide a composição de seu ministério a qualquer tempo. O que posso afirmar é que não há indicador objetivo que leve à condenação ou ao prejulgamento de ninguém", disse o ministro da Justiça, ao deixar o desfile. O ministro da Defesa, Jaques Vagner, afirmou que as apurações não constrangem o governo: "não tem prejulgamento, então não há constrangimento", reforçou.

"Vamos esperar a investigação. Se fosse uma denúncia seria diferente", disse Jacques Vagner. Cardozo foi enfático ao dizer estar certo de que os dois ministros não serão investigados. A reforma ministerial, com corte de dez ministérios, foi anunciada pela presidente no final de agosto e deve ser concluída ainda neste mês. Edinho afirmou que a presidente Dilma é "quem contrata e quem demite" ministros e se disse tranquilo com as investigações. "O processo de arrecadação (para campanha eleitoral) ocorreu de forma ética, critérios morais e seguindo a legislação, por isso (as contas) foram aprovadas pelo Tribunal Superior Eleitoral", defendeu-se. Diferente do ministro da Comunicação Social, que respondeu os questionamentos da imprensa, Mercadante saiu sem fazer comentários sobre as investigações.

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