O Congresso Nacional rejeitou nesta terça-feira, 1, a proposta de compartilhar responsabilidades com o Palácio do Planalto pelo rombo de R$ 30,5 bilhões no Orçamento de 2016. O Legislativo também se esquivou de sugerir a criação de novos impostos para cobrir o déficit orçamentário e de apontar quais programas devem ser cortados para equilibrar as contas públicas.
A presidente Dilma Rousseff se reuniu nessa terça com os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que deixaram claro não ser uma atribuição do Legislativo apontar as saídas para o Orçamento.
“Não é papel do Congresso apresentar soluções para superação do déficit fiscal. Não é papel do Congresso zerar déficit nem resolver questão de custos”, afirmou Renan, depois de se reunir com Dilma.
O presidente da Câmara, que esteve no Palácio do Planalto pela primeira vez desde que rompeu com o governo, em julho, também foi na mesma direção. Segundo ele, não é obrigação do Congresso resolver problema de déficit no Orçamento.
“Cabe ao Executivo dizer quais são suas limitações e capacidades”, afirmou Cunha. O encontro com o presidente da Câmara não teve clima beligerante e no Planalto o entendimento é de que ele se mostrou “colaborativo”. Ele sinalizou, inclusive, que não endossará a derrubada dos vetos que impõem novos gastos para o governo, com a volta das pautas-bomba.
O governo sentiu ontem que terá de lidar também com a desconfiança de senadores e deputados que acreditam que o déficit orçamentário de R$ 30,5 bilhões está subestimado. O próprio relator do Orçamento, Ricardo Barros (PP-PR), disse já ter encontrado despesas que não foram incluídas pelo governo. Segundo Barros, foi identificada a não previsão de, pelo menos, R$ 3,4 bilhões: R$ 1,5 bilhão para o pagamento das emendas parlamentares individuais obrigatórias e R$ 1,9 bilhão para a compensação dos Estados com a Lei Kandir - foi mandada somente a metade dela.
“Vamos encontrar mais (despesas) ainda”, disse Barros, que participou mais cedo de uma reunião no Ministério do Planejamento. O comentário do relator do Orçamento é um sinal da falta de credibilidade que o governo gostaria de reverter.
Pauta própria - Antes das declarações feitas aos jornalistas, Renan participou da instalação da Comissão Especial no Senado que deverá conduzir as discussões em torno das propostas da “Agenda Brasil”, composta por projetos que visam a dar fôlego à economia do País.
Em discurso feito aos integrantes do colegiado, o presidente do Senado deu vários recados ao Planalto e ressaltou a responsabilidade do Congresso no enfrentamento da atual crise política e econômica.
“Tiro, porrada e bomba não reerguem nações, espalham ruínas e lamentavelmente só ampliam os escombros. Não seremos sabotadores da Nação nem agentes de mais instabilidade”, afirmou Renan. “Não somos nem seremos narradores impessoais desse precipício. A crise atual não é apocalíptica, mas exige de todos sensatez e serenidade em busca de saídas.”
O senador, porém, se mostrou disposto a colaborar com o governo, principalmente quando, ainda ontem, rejeitou o pedido da oposição de devolver a proposta orçamentária. “Eu acho que é papel do Congresso melhorá-la, dar qualidade e cabe ao governo federal sugerir caminhos para a superação do déficit”, ponderou.
Na conversa com Dilma Renan aproveitou para pedir “incondicional apoio à Agenda Brasil”, e afirmou que a série de medidas propostas para a tentativa de minimizar a crise econômica tem como principal objetivo evitar a perda do grau de investimento do País pelas agências de classificação de risco.
No geral, o recado dado pelos parlamentares foi de que eles farão o dever de casa, não complicando ainda mais a situação fiscal do governo com a aprovação das pautas que oneram o Orçamento.
Entretanto, o Planalto também precisará fazer a sua parte, impondo cortes e apresentando soluções para o aumento da arrecadação.
A sinalização obtida pelo governo foi de que a tendência, no momento, seria o Congresso aprovar o Orçamento com o rombo e deixar para a equipe econômica encontrar recursos para cobri-lo. O governo, porém, está ciente de que encontrará resistência entre os parlamentares se insistir no aumento de impostos. Para o PT, é impossível que o partido corte gastos sociais para equilibrar as contas do governo. O partido deve então intensificar a defesa da repatriação de ativos. Na conta dos petistas, a medida garantiria, “na pior expectativa”, R$ 35 bilhões, valor superior ao déficit estimado pelo governo em R$ 30,5 bilhões.
Leia também:
> Após reunião, Cunha diz manter relação 'institucional' com Dilma
A presidente Dilma Rousseff se reuniu nessa terça com os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que deixaram claro não ser uma atribuição do Legislativo apontar as saídas para o Orçamento.
“Não é papel do Congresso apresentar soluções para superação do déficit fiscal. Não é papel do Congresso zerar déficit nem resolver questão de custos”, afirmou Renan, depois de se reunir com Dilma.
O presidente da Câmara, que esteve no Palácio do Planalto pela primeira vez desde que rompeu com o governo, em julho, também foi na mesma direção. Segundo ele, não é obrigação do Congresso resolver problema de déficit no Orçamento.
“Cabe ao Executivo dizer quais são suas limitações e capacidades”, afirmou Cunha. O encontro com o presidente da Câmara não teve clima beligerante e no Planalto o entendimento é de que ele se mostrou “colaborativo”. Ele sinalizou, inclusive, que não endossará a derrubada dos vetos que impõem novos gastos para o governo, com a volta das pautas-bomba.
O governo sentiu ontem que terá de lidar também com a desconfiança de senadores e deputados que acreditam que o déficit orçamentário de R$ 30,5 bilhões está subestimado. O próprio relator do Orçamento, Ricardo Barros (PP-PR), disse já ter encontrado despesas que não foram incluídas pelo governo. Segundo Barros, foi identificada a não previsão de, pelo menos, R$ 3,4 bilhões: R$ 1,5 bilhão para o pagamento das emendas parlamentares individuais obrigatórias e R$ 1,9 bilhão para a compensação dos Estados com a Lei Kandir - foi mandada somente a metade dela.
“Vamos encontrar mais (despesas) ainda”, disse Barros, que participou mais cedo de uma reunião no Ministério do Planejamento. O comentário do relator do Orçamento é um sinal da falta de credibilidade que o governo gostaria de reverter.
Pauta própria - Antes das declarações feitas aos jornalistas, Renan participou da instalação da Comissão Especial no Senado que deverá conduzir as discussões em torno das propostas da “Agenda Brasil”, composta por projetos que visam a dar fôlego à economia do País.
Em discurso feito aos integrantes do colegiado, o presidente do Senado deu vários recados ao Planalto e ressaltou a responsabilidade do Congresso no enfrentamento da atual crise política e econômica.
“Tiro, porrada e bomba não reerguem nações, espalham ruínas e lamentavelmente só ampliam os escombros. Não seremos sabotadores da Nação nem agentes de mais instabilidade”, afirmou Renan. “Não somos nem seremos narradores impessoais desse precipício. A crise atual não é apocalíptica, mas exige de todos sensatez e serenidade em busca de saídas.”
O senador, porém, se mostrou disposto a colaborar com o governo, principalmente quando, ainda ontem, rejeitou o pedido da oposição de devolver a proposta orçamentária. “Eu acho que é papel do Congresso melhorá-la, dar qualidade e cabe ao governo federal sugerir caminhos para a superação do déficit”, ponderou.
Na conversa com Dilma Renan aproveitou para pedir “incondicional apoio à Agenda Brasil”, e afirmou que a série de medidas propostas para a tentativa de minimizar a crise econômica tem como principal objetivo evitar a perda do grau de investimento do País pelas agências de classificação de risco.
No geral, o recado dado pelos parlamentares foi de que eles farão o dever de casa, não complicando ainda mais a situação fiscal do governo com a aprovação das pautas que oneram o Orçamento.
Entretanto, o Planalto também precisará fazer a sua parte, impondo cortes e apresentando soluções para o aumento da arrecadação.
A sinalização obtida pelo governo foi de que a tendência, no momento, seria o Congresso aprovar o Orçamento com o rombo e deixar para a equipe econômica encontrar recursos para cobri-lo. O governo, porém, está ciente de que encontrará resistência entre os parlamentares se insistir no aumento de impostos. Para o PT, é impossível que o partido corte gastos sociais para equilibrar as contas do governo. O partido deve então intensificar a defesa da repatriação de ativos. Na conta dos petistas, a medida garantiria, “na pior expectativa”, R$ 35 bilhões, valor superior ao déficit estimado pelo governo em R$ 30,5 bilhões.
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