Nunes chegou à presidência da entidade com a articulação de Del Nero, enquanto este se mantém licenciado, preparando a defesa na Justiça americana, na qual é réu acusado de corrupção. Na prática, porém, mesmo afastado oficialmente, Del Nero mantém participação ativa nas principais decisões. Ele nega.
Qualquer assunto que dependa de aprovação, entretanto, é remetido "aos presidentes" (Del Nero e Nunes), expressão recorrente nos corredores da CBF.
Escolhidos por Del Nero, o secretário-geral Walter Feldman e Rogério Caboclo, diretor-executivo, são chamados de "ministros". Fazem os contatos com as federações e tomam decisões administrativas.
Conforme apurou a Folha, em geral, Nunes só empresta seu nome para sacramentar as decisões da CBF, o que ficou evidente no imbróglio que envolve a Primeira Liga, que organiza torneio a partir desta quarta (27).
Enquanto acontecia reunião no Rio nesta segunda (25), na CBF, da qual Del Nero participou e que resultou na divulgação de comunicado expressando a reprovação à competição organizada pela Primeira Liga, o coronel Nunes estava em São Paulo, assistindo ao Flamengo ser campeão da Copinha.
Após a decisão, Nunes teve breve conversa com o presidente rubro-negro, Eduardo Bandeira de Mello, na qual afirmou "ver com bons olhos" a realização da Primeira Liga e prometeu mandar um representante da CBF para a abertura da competição.
Horas depois, porém, a CBF soltou nota dizendo que só autorizaria Primeira Liga como oficial a partir de 2017 (os organizadores do torneio decidiram manter a competição mesmo com a discordância da CBF).
Ao chegar ao Paraguai para a eleição da Conmebol, Nunes revelou desconhecimento sobre o que havia assinado – seu nome consta no documento no site da CBF. "Vou me inteirar", disse aos jornalistas no Paraguai.
Também na segunda (25), Del Nero recebeu o ganhador do prêmio Puskas, Wendell Lira. A CBF publicou em seu site fotos do encontro, mas ocultou a presença do dirigente licenciado, que entregou uma placa ao jogador.
"Conversei por telefone com o presidente Nunes na segunda (25) sobre os detalhes da Primeira Liga. Ele está inteirado e concorda com tudo. No Paraguai, não quis tocar no assunto, apenas isso", disse Walter Feldman.
É a segunda licença de Del Nero. A primeira foi no início de dezembro e indicou para a presidência outro vice, o capixaba Marcus Vicente.
Vicente, porém, tomou as rédeas em alguns departamentos, o que irritou Del Nero, que voltou ao cargo só para, alguns dias depois, indicar o coronel Nunes.
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