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sábado, 5 de março de 2016

Em discurso, Dilma sai em defesa própria e deixa Lula em segundo plano

A presidente Dilma Rousseff durante pronunciamento a jornalistas nesta sexta (4) em Brasília 
A presidente Dilma Rousseff utilizou nesta sexta-feira (4) pronunciamento público para sair em defesa própria em relação à delação premiada do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), deixando em segundo plano a operação da Polícia Federal contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em um discurso de cerca de onze minutos, a presidente dedicou menos de dois à defesa de seu antecessor no Palácio do Planalto. Ela repetiu termos de nota divulgada à imprensa uma hora antes e disse estar "inconformada" com a "desnecessária condução coercitiva" do petista para prestar depoimento em São Paulo.

Apesar de dedicar pouco tempo à defesa de Lula, a petista decidiu fazê-lo publicamente, diferentemente de episódios anteriores. A estratégia foi tentar reconquistar o apoio da militância petista, insatisfeita com a condução da política econômica.

"Quero manifestar meu mais absoluto inconformismo com o fato do ex-presidente, que por várias vezes compareceu de maneira voluntária para prestar esclarecimentos às autoridades, seja submetido agora a uma desnecessária coação coercitiva", criticou.

Em resposta à delação premiada do senador, a presidente afirmou que o petista fez as acusações por um desejo "imoral" e "mesquinho". Para ela, as suspeitas tiveram como único objetivo atingi-la. Ainda classificou como "lamentável" o vazamento do conteúdo da delação premiada –segundo ela, ilegal.

"É lamentável que ocorra ilegalmente o vazamento de uma hipotética delação premiada que teve como objetivo único atingir minha pessoa pelo desejo imoral e mesquinho de vingança de quem não defendeu quem não poderia ser defendido pelos atos que praticou", criticou.

A presidente rebateu cada referência feita a ela na delação premiada e, novamente, não citou as acusações contra o seu antecessor no Palácio do Planalto também presentes no depoimento.

Ela ressaltou que, em 2014, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, arquivou investigação pela compra da refinaria de Pasadena, lembrando que ele afirmou não ter havido delito por parte do Conselho de Administração da Petrobras no negócio.

Ela negou também que tenha interferido junto ao Poder Judiciário para liberar da prisão os empresários Marcelo Odebrecht e Otávio Azevedo, como acusou o senador petista. Segundo ela, são "subjetivas" e "insidiosas" as acusações do senador.

"Eu jamais falei com o senador sobre isso. Do ponto de vista institucional, não teria nenhuma razão de pedir para um senador falar com o juiz", afirmou.

Protesto - No momento em que fazia o discurso, um grupo favorável ao impeachment da presidente protestava na entrada do Palácio do Planalto. Eles carregavam pequenos bonecos infláveis do agente da Polícia Federal Newton Ishii e do "pixuleko", sátira do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em trajes de presidiário. Na frente da sede administrativa, motoristas que passaram no local também promoveram um buzinaço contra a petista.

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