Muro de contenção Alarmado com a possibilidade de
que a proposta de antecipar a eleição presidencial ganhe força no
Senado, Michel Temer, sucessor de Dilma Rousseff em caso de impeachment,
deflagrou uma operação para sufocar a ideia antes que ela tome corpo.
Romero Jucá, posto avançado do vice na Casa, é quem trabalha para evitar
que o projeto, já defendido por Renan Calheiros, avance. Se tudo der
errado, o vice conta ainda com a aversão da Câmara à proposta para
tentar enterrá-la.
Tête-à-tête Temer e Renan conversaram pelo telefone e
ficaram de se falar em Brasília no início da semana. Será o primeiro
encontro pessoal desde que a Câmara decidiu abrir o impeachment.
A jato O vice reconhece que não pode perder tempo
para conquistar a confiança do mercado. Por isso, anunciará sua equipe
econômica completa — Fazenda, Planejamento e Banco Central — assim que o
processo for admitido pelo Senado.
Travou O Planalto se vê paralisado após a decisão da
Câmara. Enquanto as expectativas em torno de Temer se concentram na
futura equipe e numa agenda econômica para a saída da crise, o governo
não consegue sair do discurso defensivo.
Me dê motivo Senadores favoráveis à deposição que
foram à reunião com José Eduardo Cardozo questionaram o ministro: se há
um golpe em curso, por que não recorrer logo para que o Supremo aponte a
ilegalidade?
Para não ir embora Sem um argumento jurídico externo
— como uma sinalização do Supremo de que pode interferir na questão — e
com o Planalto paralisado, a avaliação é que é impossível reverter
qualquer voto na Casa.
Deixe estar Senadores não gostaram de Eduardo Cunha
ter ido pessoalmente anunciar a decisão sobre a abertura do impeachment a
Renan. Acham que o presidente da Câmara força o protagonismo. “Poderia
ter mandado o aviso por Sedex”, brincou um tucano.
Filho pródigo A família Sarney, que trabalha pelo
impeachment, negocia com o Palácio do Jaburu entregar o Ministério do
Meio Ambiente a Zequinha Sarney, filho do ex-presidente da República.
High-tech Renato Casagrande, ex-governador do Espírito Santo pelo PSB, também é cotado para o Ministério da Ciência e Tecnologia.
Fui Hélder Barbalho, demissionário da Secretaria dos
Portos, conversou nesta quarta com Dilma. “O PMDB não me constrangeu
quando decidi ficar, não poderia constrangê-los agora ficando no
governo”, diz o ex-ministro.
Azarado Waldir Maranhão (PP-MA), contrário ao
impeachment, foi vaiado por uma multidão em São Luís. Torcedores do
Sampaio Corrêa, finalista da liga feminina de basquete, esperavam a
equipe no aeroporto e o reconheceram ao desembarcar.
Linha cruzada Deputados baianos que tentaram impedir
o impeachment se queixaram de ainda não ter recebido um telefonema de
agradecimento de Rui Costa (PT). Lembram que, antes da votação, o
governador passava o dia disparando ligações.
Ritmo de festa Ministros do Supremo ficaram
“aliviados” com a decisão da corte de adiar o julgamento sobre a posse
de Lula. O caso agora é considerado “questão acessória”, e a tendência é
que só seja retomado depois de o Senado votar o impeachment.
Comigo não A Procuradoria-Geral da República não
gostou da afirmação do ministro Gilmar Mendes no “Roda Viva”, de que há
demora para desatar o inquérito contra Renan Calheiros no caso Mônica
Veloso.
Nem vem O Ministério Público despachou o processo para o Supremo em 22 de março — e ainda acrescentou um pedido de urgência.
TIROTEIO
Que golpe é esse, em que a presidente
viaja ao exterior e o vice, normal e institucionalmente, assume o seu
posto? Muito estranho, não?
DO DEPUTADO HERÁCLITO FORTES (PSB-PI), sobre a viagem de Dilma
Rousseff aos Estados Unidos em meio às acusações que faz de que há um
golpe em curso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário