Maytê, Maya, Igor, Giovanna e Livia, meus tesouros
Produzi esta postagem no dia 3, que é dedicado aos netos, porém, por uma falha técnica, não foi vista neste blog. Daí, a reprodução, hoje, com este belo texto da saudosa escritora Raquel de Queiroz.
"Netos
são como heranças: você os ganha sem merecer. Sem ter feito nada para
isso, de repente lhe caem do céu. É, como dizem os ingleses, um ato de
Deus. Sem se passarem as penas do amor, sem os compromissos do
matrimônio, sem as dores da maternidade. E não se trata de um filho
apenas suposto, como o filho adotado: o neto é realmente o sangue do seu
sangue, filho de filho, mais filho que o filho mesmo...
Quarenta
anos, quarenta e cinco... Você sente, obscuramente, nos seus ossos, que
o tempo passou mais depressa do que esperava. Não lhe incomoda
envelhecer, é claro. A velhice tem as suas alegrias, as suas
compensações - todos dizem isso embora você, pessoalmente, ainda não as
tenha descoberto - mas acredita.
E então, um belo dia, sem que lhe fosse imposta nenhuma das agonias da gestação ou do parto, o doutor lhe põe nos braços um menino. Completamente grátis - nisso é que está a maravilha. Sem dores, sem choro, aquela criancinha da sua raça, da qual você morria de saudades, símbolo ou penhor da mocidade perdida. Pois aquela criancinha, longe de ser um estranho, é um menino seu que lhe é "devolvido". E o espantoso é que todos lhe reconhecem o seu direito de o amar com extravagância; ao contrário, causaria escândalo e decepção se você não o acolhesse imediatamente com todo aquele amor recalcado que há anos se acumulava, desdenhado, no seu coração."
Mais aqui >A Arte de Ser Avó
E então, um belo dia, sem que lhe fosse imposta nenhuma das agonias da gestação ou do parto, o doutor lhe põe nos braços um menino. Completamente grátis - nisso é que está a maravilha. Sem dores, sem choro, aquela criancinha da sua raça, da qual você morria de saudades, símbolo ou penhor da mocidade perdida. Pois aquela criancinha, longe de ser um estranho, é um menino seu que lhe é "devolvido". E o espantoso é que todos lhe reconhecem o seu direito de o amar com extravagância; ao contrário, causaria escândalo e decepção se você não o acolhesse imediatamente com todo aquele amor recalcado que há anos se acumulava, desdenhado, no seu coração."
Mais aqui >A Arte de Ser Avó
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