Aposentado desde 2014, depois de ganhar popularidade como relator do processo do mensalão e figurar como possível presidenciável, o ex-ministro voltou sem alarde ao mundo jurídico, mas agora do outro lado do balcão, como advogado.
Mudou-se para São Paulo e, no dia 16 de fevereiro, foi inscrito na seção paulista da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). Juntou-se a Cesar Janoti e Thiago Sorrentino, dois de seus ex-auxiliares da época de Supremo, para advogar nas áreas penal, tributária, empresarial, constitucional, administrativa e de mediação e arbitragem.
Quem chega ao endereço da Joaquim Barbosa Advocacia lê na fachada do prédio o letreiro Balducci & Hofling Sociedade de Advogados. Ali funciona a banca de Clarissa Hofling e Theodoro Balducci, que tem apenas três anos.
Eles alugam um espaço para o ex-ministro. Hofling não conhecia pessoalmente Barbosa antes de ele virar seu inquilino. "Tínhamos amigos em comum e o Janoti estava faz tempo procurando um lugar", diz. "Ele [Barbosa] acabou se estabelecendo e agora a gente está dividindo espaço."
Hofling atua na área criminal e não tem trabalho em parceria com Barbosa, mas faz planos. "Talvez a gente passe a atuar juntos na área de compliance [prevenção de corrupção nas empresas]."
O ex-ministro não quis falar com a Folha sobre a nova carreira. Sua assessoria informou que o escritório não fornece informações sobre clientes por razões ético-profissionais.
Também afirmou que, embora Barbosa esteja impedido de atuar em matéria contenciosa unicamente perante o STF até agosto de 2017, "o escritório não tem aceitado até o momento patrocinar causas perante juízos e tribunais, limitando-se a emitir pareceres e opiniões jurídicas sobre casos específicos".
Segundo um advogado com clientes no mensalão e na Lava Jato, que pediu para não ser identificado, um parecer redigido por um ex-ministro do STF custa em torno de R$ 300 mil a R$ 400 mil.
Nos próximos meses, segundo sua assessoria, Barbosa divulgará uma seleção de pareceres já emitidos, desde que autorizado pelos clientes.
Durante sua gestão como presidente do STF, entre 2012 e 2014, Barbosa por diversas vezes entrou em atrito com advogados e com a OAB.
Em junho de 2014, durante o julgamento de um recurso do mensalão, o advogado Luiz Fernando Pacheco, que defendia José Genoino, foi expulso do plenário do STF após um bate-boca com o presidente do STF. A OAB classificou a atitude do então ministro como "truculenta".
Pacheco diz que Barbosa como advogado deve mudar o temperamento. "Ele é um homem reconhecidamente inteligente e capaz e agora vai ver como é difícil estar do outro lado do balcão. No STF ele se valia da toga para esconder o seu caráter bruto e autoritário. Como advogado ele vai ter que se apaziguar e aprender a ser mais cortês com as pessoas" diz.
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