Consultando hoje os meus arquivos de "Santarém de ontem", encontrei esta interessante crônica escrita pelo meu dileto amigo José Wilson Malheiros, cujo título é "As saudosas mensagens". Vale a pena ler.
Longe já se vão os tempos em que os serviços de alto-falantes Ypiranga e a Voz da Liberdade (o primeiro, baratista. O segundo, da oposição, tinha como prefixo o hino patriótico Avante Camaradas), lançavam pelas ruas da pequenina Santarém dos anos 50 e 60 as suas mensagens.
A gente sabia quando tinha morrido alguém na cidade: dobravam os sinos das igrejas e os alto-falantes tocavam a Ave-Maria de Schubert como fundo musical da mensagem: “A família daquele que em vida se chamou..... cumpre o doloroso dever de comunicar o seu falecimento ocorrido nesta data e convida a todos para seu féretro (sepultamento) que sairá da residência enlutada até o Cemitério de Nossa Senhora dos Mártires. Agradecemos a todos que comparecerem a este ato de fé e piedade cristã”
.
Quando era dia de aniversário ouvia-se o infalível “parabéns pra você” e o locutor, de voz empostada anunciava: “Colhe hoje mais um botão de rosas no jardim florido de sua existência a bonita jovem.... Seus pais e irmãos rogando a Deus para que a conserve sempre a excelente filha que tem sido até hoje, com o coração transbordando de alegria oferecem-lhe a seguinte melodia”.
E pelos céus da cidade músicas: Saxofone porque choras?, os bolerões do Waldick Soriano e a “Churrasco de Mãe”, com Teixeirinha eram as preferidas.
Na Rádio Clube do Sr. Pitágoras de Almeida e Silva e na Rádio Rural acontecia praticamente a mesma coisa, com falecimentos e datas natalícias.
Outro tipo de mensagem: “Os passarinhos amanheceram cantando , anunciando que hoje está no berço a mais linda das meninas-moças. Seus pais, com coração cheio de alegria, pedindo a Deus e à Virgem Maria que sempre a protejam oferecem-lhe”... Era praticamente o mesmo repertório.
Na Rádio Rural as mensagens para o interior: “ Alô, alô, Manezinho, no Juruparipucu, sua mãe avisa que chegou bem e vai se consultar no SESP amanhã. Quando vier não esqueça de trazer o numerário e o piracuí...”
Coisas da Santarém do nunca mais.
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