Por Sérgio Palomares, advogado
Terça-feira, 21/6, foi publicado o resultado da segunda fase do XIX Exame da Ordem. Uma enorme lista de 64 páginas. Mais que uma (quase infindável) relação de nomes, esse calhamaço congrega uma verdadeira coleção de sonhos e de renovação de expectativas.
Submetidos à prova, sempre haverá duas possibilidades: passa-se ou reprova-se. E o exame de Ordem, como é cediço, é pré-requisito para o exercício da profissão escolhida. Como, então, lidar com quaisquer desses resultados no encarreiramento profissional?
Bem, aos que lograram êxito, é hora de comemorar, sem dúvida. O temido Exame de Ordem curvou-se à sua capacidade e ao seu entusiasmo pelos estudos. Felizes famílias e amigos estão prontos para compartilhar esse dignificante momento da glória acadêmica. Comemore, você merece isto, a trajetória foi longa, cansativa e o resultado é mais do que justo.
Mas também é hora de acalmar. Compreenda a importância do que alcançou. Não se trata apenas de ter passado num teste, aliás, dos mais difíceis atualmente aplicados em série no país. Superar o Exame de Ordem é ver-se legalmente habilitado, ser socialmente reconhecido como capacitado e, mais do que tudo, sentir-se individualmente preparado para exercer a mais magnífica das profissões.
Parabéns, finalmente, você é um advogado, você é uma advogada. E ninguém mais poderá retirar isto de você, para o resto da sua vida, que não seja você mesmo.
As suas escolhas e as suas condutas definirão os rumos da sua vida profissional. Pais, chefes, namorados, namoradas, consortes ou filhos, são, sem dúvida, apoios indispensáveis para as tomadas de decisões, mas nenhum, rigorosamente nenhum deles, deve pautar a sua opção de ser (ou não) um advogado, uma advogada.
É possível que já tenha ouvido falar que a advocacia não é profissão de fracos ou de covardes. Mas agora você será levado a outro nível em que compreenderá com exatidão o que isto verdadeiramente quer dizer. Esqueça o glamour da advocacia retratada nos filmes e prepare-se para a vida real que o espera a partir de hoje. Você será chamado de doutor, mas também será cobrado por resultados, premido pelas ansiedades e dilemas alheios, e impulsionado a estudar ainda mais para o resto da sua vida.
É, meu novo e jovem colega, a verdadeira batalha da sua vida começa hoje, exatamente no dia seguinte ao que conseguiu superar o tão difícil Exame de Ordem. Não intenciono desesperá-lo, mas apenas alertá-lo de que o sucesso no Exame de Ordem apenas marca o início da fase da vida profissional que escolheu.
Não desanime diante das dificuldades que certamente virão ao longo desses primeiros anos. Alguns do que passaram no Exame de Ordem, premidos por fatores externos ou acreditando estarem na profissão errada, sucumbirão antes do tempo e abandonarão a advocacia, mas ao que se mantiver vocacionado, não tenho dúvidas, os clientes virão e o resultado não lhe faltará, você triunfará, esteja certo disto.
Mas não se afaste jamais da boa advocacia, os anos nos ensinam o seu verdadeiro significado e as vantagens de manter segura distância das encrencas.
Outro ponto relevante: a advocacia nos força a lidar regularmente com a derrota, mesmo quando estamos diante do triunfo. Frustrante isto? Sem dúvidas, mas também faz parte do jogo. Ela, a derrota, o rondará persistentemente. Basta considerar que, sendo você um vencedor, o seu ex-adverso estará experimentando a derrota. Mas o inverso também ocorrerá e não tente se iludir, isto também acontecerá com você.
Esteja preparado, pois, quando isto acontecer, não significará, necessariamente, que terá feito um mal trabalho, apenas poderá significar que o juiz interpretou a sua tese de modo diverso. Tão simples quanto isto, mas lá estará você imerso nas angústias que a derrota nos traz.
Jovem Doutor, você entenderá, com os anos, com lidar melhor com isto e se sentirá compelido a buscar cada vez mais o auto-aprimoramento, fazendo com que as suas conquistas e vitórias passem a ocupar cada vez mais espaço nas suas histórias e nos seus registros, e as derrotas representem apenas parte do processo de aprendizado.
E por falar em derrotas, aos que estão diante da frustração de não terem passado no Exame de Ordem, o meu conselho é: lidem com ela. Soa forte e parece insensível, mas não o é. Diante de um objetivo claro e persistente a derrota nos fortalece.
Naturalmente que alguma coisa não funcionou bem e deveria ter sido feita de modo diferente. Reflitam e descubram onde falharam. Essa lição também se reverterá em proveito do seu crescimento profissional logo mais adiante, quando alcançarem êxito no próximo Exame. Revejam os métodos de estudo, releiam as respostas dadas às questões da prova e sigam em frente, é só uma etapa a ser renovada, a ser cumprida.
A reprovação no Exame da Ordem não é demérito e não atesta incompetências. Tenho dois filhos advogados, que muito me orgulham. E nem me lembro mais se passaram ou não no primeiro Exame de Ordem a que se submeteram, porque, diante dos brilhantes advogados que se tornaram, isso já não mais importa na aferição das suas habilidades profissionais.
Mas, como história e apenas para demonstrar que a persistência é uma virtude, recordo-me da minha filha que, antes mesmo de se tornar a excelente e respeitada jovem advogada que hoje o é, já participava da impetração de mandado de segurança coletivo para contestar o gabarito do Exame de Ordem onde, anos depois, pôde ver a procedência da sua tese ser reconhecida pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região, ainda que em processo distinto.
Portanto, meus futuros colegas, não se deixem abater. Refaçam o exame tantas vezes quantas necessárias até passarem, pois isso também acaba sendo uma preparação, uma calibragem, por assim dizer, de uma das mais valorosas habilidades que todo advogado precisa ter: a persistência.
Aos meus mais novos e jovens colegas advogados, agora exitosos neste Exame de Ordem, sejam muito bem-vindos à nova vida, desejo-lhes uma vida profissional permeada de pleno sucesso e polpudos honorários. E aos meus futuros colegas que não passaram desta vez, estou certo de que os verei na próxima longa lista de possíveis 64 outras páginas contendo nomes e sonhos.
Terça-feira, 21/6, foi publicado o resultado da segunda fase do XIX Exame da Ordem. Uma enorme lista de 64 páginas. Mais que uma (quase infindável) relação de nomes, esse calhamaço congrega uma verdadeira coleção de sonhos e de renovação de expectativas.
Submetidos à prova, sempre haverá duas possibilidades: passa-se ou reprova-se. E o exame de Ordem, como é cediço, é pré-requisito para o exercício da profissão escolhida. Como, então, lidar com quaisquer desses resultados no encarreiramento profissional?
Bem, aos que lograram êxito, é hora de comemorar, sem dúvida. O temido Exame de Ordem curvou-se à sua capacidade e ao seu entusiasmo pelos estudos. Felizes famílias e amigos estão prontos para compartilhar esse dignificante momento da glória acadêmica. Comemore, você merece isto, a trajetória foi longa, cansativa e o resultado é mais do que justo.
Mas também é hora de acalmar. Compreenda a importância do que alcançou. Não se trata apenas de ter passado num teste, aliás, dos mais difíceis atualmente aplicados em série no país. Superar o Exame de Ordem é ver-se legalmente habilitado, ser socialmente reconhecido como capacitado e, mais do que tudo, sentir-se individualmente preparado para exercer a mais magnífica das profissões.
Parabéns, finalmente, você é um advogado, você é uma advogada. E ninguém mais poderá retirar isto de você, para o resto da sua vida, que não seja você mesmo.
As suas escolhas e as suas condutas definirão os rumos da sua vida profissional. Pais, chefes, namorados, namoradas, consortes ou filhos, são, sem dúvida, apoios indispensáveis para as tomadas de decisões, mas nenhum, rigorosamente nenhum deles, deve pautar a sua opção de ser (ou não) um advogado, uma advogada.
É possível que já tenha ouvido falar que a advocacia não é profissão de fracos ou de covardes. Mas agora você será levado a outro nível em que compreenderá com exatidão o que isto verdadeiramente quer dizer. Esqueça o glamour da advocacia retratada nos filmes e prepare-se para a vida real que o espera a partir de hoje. Você será chamado de doutor, mas também será cobrado por resultados, premido pelas ansiedades e dilemas alheios, e impulsionado a estudar ainda mais para o resto da sua vida.
É, meu novo e jovem colega, a verdadeira batalha da sua vida começa hoje, exatamente no dia seguinte ao que conseguiu superar o tão difícil Exame de Ordem. Não intenciono desesperá-lo, mas apenas alertá-lo de que o sucesso no Exame de Ordem apenas marca o início da fase da vida profissional que escolheu.
Não desanime diante das dificuldades que certamente virão ao longo desses primeiros anos. Alguns do que passaram no Exame de Ordem, premidos por fatores externos ou acreditando estarem na profissão errada, sucumbirão antes do tempo e abandonarão a advocacia, mas ao que se mantiver vocacionado, não tenho dúvidas, os clientes virão e o resultado não lhe faltará, você triunfará, esteja certo disto.
Mas não se afaste jamais da boa advocacia, os anos nos ensinam o seu verdadeiro significado e as vantagens de manter segura distância das encrencas.
Outro ponto relevante: a advocacia nos força a lidar regularmente com a derrota, mesmo quando estamos diante do triunfo. Frustrante isto? Sem dúvidas, mas também faz parte do jogo. Ela, a derrota, o rondará persistentemente. Basta considerar que, sendo você um vencedor, o seu ex-adverso estará experimentando a derrota. Mas o inverso também ocorrerá e não tente se iludir, isto também acontecerá com você.
Esteja preparado, pois, quando isto acontecer, não significará, necessariamente, que terá feito um mal trabalho, apenas poderá significar que o juiz interpretou a sua tese de modo diverso. Tão simples quanto isto, mas lá estará você imerso nas angústias que a derrota nos traz.
Jovem Doutor, você entenderá, com os anos, com lidar melhor com isto e se sentirá compelido a buscar cada vez mais o auto-aprimoramento, fazendo com que as suas conquistas e vitórias passem a ocupar cada vez mais espaço nas suas histórias e nos seus registros, e as derrotas representem apenas parte do processo de aprendizado.
E por falar em derrotas, aos que estão diante da frustração de não terem passado no Exame de Ordem, o meu conselho é: lidem com ela. Soa forte e parece insensível, mas não o é. Diante de um objetivo claro e persistente a derrota nos fortalece.
Naturalmente que alguma coisa não funcionou bem e deveria ter sido feita de modo diferente. Reflitam e descubram onde falharam. Essa lição também se reverterá em proveito do seu crescimento profissional logo mais adiante, quando alcançarem êxito no próximo Exame. Revejam os métodos de estudo, releiam as respostas dadas às questões da prova e sigam em frente, é só uma etapa a ser renovada, a ser cumprida.
A reprovação no Exame da Ordem não é demérito e não atesta incompetências. Tenho dois filhos advogados, que muito me orgulham. E nem me lembro mais se passaram ou não no primeiro Exame de Ordem a que se submeteram, porque, diante dos brilhantes advogados que se tornaram, isso já não mais importa na aferição das suas habilidades profissionais.
Mas, como história e apenas para demonstrar que a persistência é uma virtude, recordo-me da minha filha que, antes mesmo de se tornar a excelente e respeitada jovem advogada que hoje o é, já participava da impetração de mandado de segurança coletivo para contestar o gabarito do Exame de Ordem onde, anos depois, pôde ver a procedência da sua tese ser reconhecida pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região, ainda que em processo distinto.
Portanto, meus futuros colegas, não se deixem abater. Refaçam o exame tantas vezes quantas necessárias até passarem, pois isso também acaba sendo uma preparação, uma calibragem, por assim dizer, de uma das mais valorosas habilidades que todo advogado precisa ter: a persistência.
Aos meus mais novos e jovens colegas advogados, agora exitosos neste Exame de Ordem, sejam muito bem-vindos à nova vida, desejo-lhes uma vida profissional permeada de pleno sucesso e polpudos honorários. E aos meus futuros colegas que não passaram desta vez, estou certo de que os verei na próxima longa lista de possíveis 64 outras páginas contendo nomes e sonhos.
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