O ator Lázaro Ramos com ativista da Frente Favela Brasil no lançamento do partido
"Os negros nunca tiveram espaço nos outros partidos fora de uma caixinha", afirma Celso Athayde, o produtor cultural e fundador da ONG Cufa (Central Única das Favelas). Ele explica por que decidiu, com ativistas do movimento negro e artistas como MVBill e Lázaro Ramos, lançar a Frente Favela Brasil, que pretende ser o 36º partido brasileiro.
Lançado quinta-feira (28), em evento no Morro da Providência, no Rio de Janeiro, o partido, define Athayde, tem como público alvo "os negros e os moradores de favela" ("nem todos os moradores de favela são negros, mas a enorme maioria é", explica) que, segundo ele, nunca tiveram seus interesses representados pelas siglas já existentes.
"Nem a esquerda, nem a direita conseguiu pensar no negro", afirma ele, que foi criado na favela do Sapo, na zona oeste da capital carioca. Apesar disso, o novo projeto de partido está mais alinhado com as pautas de legendas esquerdistas como o PSOL, que apoia a criação de cota para negros em universidades e concursos públicos.
Depois de lançado, o projeto de partido ainda não tem um programa definido. "Preferimos alçar voo e depois construir o avião", brinca o produtor. Segundo ele, serão realizados seminários e reuniões nas favelas para organizar as posições da Frente.
Algumas coisas, porém, são certas, diz ele. Projetos por cotas, contra a violência policial e de justiça social devem fazer parte da linha de frente da sigla. "Entendemos, por exemplo, que não há meritocracia sem condição de igualdade", diz Athayde.
A legenda também é crítica ao governo interino de Michel Temer (PMDB). "Não tenho uma opinião sobre a gestão [Temer] porque não considero um governo legítimo", afirma MVBill.
REGULAMENTAÇÃO - O caminho para a regulamentação do partido é longo: são necessários 101 fundadores distribuídos por ao menos nove Estados para elaborar o estatuto da legenda e publicá-lo do Diário Oficial da União; depois, é preciso registrar o partido como pessoa jurídica e notificar a Justiça Eleitoral; a etapa seguinte, e uma das mais difíceis, é a coleta de assinaturas.
O número mínimo é 0,5% dos votos válidos da última eleição. Hoje, portanto, são necessários cerca de 500 mil nomes —de pessoas que não podem ser filiadas a nenhum partido político— para que a criação da Frente Favela Brasil seja oficializada.
A cifra, no entanto, não parece assustar Athayde, que afirma esperar conseguir ambiciosos seis milhões de nomes. Para efeito de comparação, a Rede Sustentabilidade, de Marina Silva, que à época já era conhecida por ter disputado duas vezes a Presidência, conseguiu 498 mil assinaturas em 2015, quando foi oficializado, após tentativa fracassada em 2013.
A estratégia da Frente, segundo o produtor, no entanto, será a de fazer campanhas nas comunidades, colocando pontos de assinatura em shows de artistas como o rapper carioca MVBill e nos diretórios municipais e estaduais, que devem ser montados nas favelas.
"As minhas músicas já são bem politizadas", afirma o músico à Folha. "Vai ser bom poder passar a falar de política de forma partidária, nunca falei porque nunca teve algum partido que me representasse."
ELEIÇÕES - Apesar de envolvidos na criação da Frente, nem ele nem Athayde ocuparão cargos dentro da organização ou concorrerão a postos eletivos. Ainda não há nomes certos para possíveis disputas eleitorais.
"Se houvesse uma bancada de negros na votação do impeachment, por exemplo, hoje estaríamos negociando com alguém. Os negros não tiveram como colocar um voto na mesa, como os outros grupos fizeram", explica o produtor. "Esse partido não precisa dar certo, ele precisa existir para que o negro possa enxergar através de outro prisma, do prisma do poder", completa.
Lançado quinta-feira (28), em evento no Morro da Providência, no Rio de Janeiro, o partido, define Athayde, tem como público alvo "os negros e os moradores de favela" ("nem todos os moradores de favela são negros, mas a enorme maioria é", explica) que, segundo ele, nunca tiveram seus interesses representados pelas siglas já existentes.
"Nem a esquerda, nem a direita conseguiu pensar no negro", afirma ele, que foi criado na favela do Sapo, na zona oeste da capital carioca. Apesar disso, o novo projeto de partido está mais alinhado com as pautas de legendas esquerdistas como o PSOL, que apoia a criação de cota para negros em universidades e concursos públicos.
Depois de lançado, o projeto de partido ainda não tem um programa definido. "Preferimos alçar voo e depois construir o avião", brinca o produtor. Segundo ele, serão realizados seminários e reuniões nas favelas para organizar as posições da Frente.
Algumas coisas, porém, são certas, diz ele. Projetos por cotas, contra a violência policial e de justiça social devem fazer parte da linha de frente da sigla. "Entendemos, por exemplo, que não há meritocracia sem condição de igualdade", diz Athayde.
A legenda também é crítica ao governo interino de Michel Temer (PMDB). "Não tenho uma opinião sobre a gestão [Temer] porque não considero um governo legítimo", afirma MVBill.
REGULAMENTAÇÃO - O caminho para a regulamentação do partido é longo: são necessários 101 fundadores distribuídos por ao menos nove Estados para elaborar o estatuto da legenda e publicá-lo do Diário Oficial da União; depois, é preciso registrar o partido como pessoa jurídica e notificar a Justiça Eleitoral; a etapa seguinte, e uma das mais difíceis, é a coleta de assinaturas.
O número mínimo é 0,5% dos votos válidos da última eleição. Hoje, portanto, são necessários cerca de 500 mil nomes —de pessoas que não podem ser filiadas a nenhum partido político— para que a criação da Frente Favela Brasil seja oficializada.
A cifra, no entanto, não parece assustar Athayde, que afirma esperar conseguir ambiciosos seis milhões de nomes. Para efeito de comparação, a Rede Sustentabilidade, de Marina Silva, que à época já era conhecida por ter disputado duas vezes a Presidência, conseguiu 498 mil assinaturas em 2015, quando foi oficializado, após tentativa fracassada em 2013.
A estratégia da Frente, segundo o produtor, no entanto, será a de fazer campanhas nas comunidades, colocando pontos de assinatura em shows de artistas como o rapper carioca MVBill e nos diretórios municipais e estaduais, que devem ser montados nas favelas.
"As minhas músicas já são bem politizadas", afirma o músico à Folha. "Vai ser bom poder passar a falar de política de forma partidária, nunca falei porque nunca teve algum partido que me representasse."
ELEIÇÕES - Apesar de envolvidos na criação da Frente, nem ele nem Athayde ocuparão cargos dentro da organização ou concorrerão a postos eletivos. Ainda não há nomes certos para possíveis disputas eleitorais.
"Se houvesse uma bancada de negros na votação do impeachment, por exemplo, hoje estaríamos negociando com alguém. Os negros não tiveram como colocar um voto na mesa, como os outros grupos fizeram", explica o produtor. "Esse partido não precisa dar certo, ele precisa existir para que o negro possa enxergar através de outro prisma, do prisma do poder", completa.
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