Folha de SP
Será que alguém acredita, de verdade, que pode comprar e pagar em 12, 14, 18 vezes sem juros? Em uma economia como a brasileira, que pratica a taxa de juros mais alta do planeta, que cobra absurdos juros de 15% ao mês dos desafortunados que parcelam a fatura do cartão de crédito?
Será que existe o bom samaritano que faz o favor de te emprestar dinheiro para comprar à vista e parcelar em 12 vezes ou mais, correndo o risco de não receber todas as parcelas, sem cobrar nada por isso?
É evidente que existe uma taxa de juros embutida no preço parcelado a perder de vista. Ela não é aparente, não é declarada, mas está lá, sorrateiramente embutida nas parcelas que o consumidor acredita será capaz de pagar.
O consumidor que não tem dinheiro para comprar à vista, por um preço menor, se agarra a essa oferta enganosa para realizar seu sonho de consumo. Afinal ele não pode esperar, precisa comprar mais uma peça de roupa hoje. Precisa comprar outro par de sapatos, de que não está precisando, só porque está em liquidação. Ou a versão mais recente do smartphone.
Quem está enganando quem aqui nesta história? O comerciante engana o consumidor dizendo que ele pode comprar um produto pelo mesmo preço do pagamento à vista. Dessa forma, aumenta muito a probabilidade da venda. Omite o preço da venda à vista porque, se assim o fizer, sua história de juro zero será desmascarada. Teima em dizer que o preço é o mesmo apesar de sabermos que isso é impossível em uma economia como a nossa.
O consumidor engana a si mesmo porque acredita nessa história e acha que está fazendo um ótimo negócio. Ele nem tenta negociar um preço melhor para pagar à vista porque não tem dinheiro e assim acaba por validar a estratégia dos comerciantes.
Entrei no site de um grande varejista e encontrei diversos produtos sendo oferecidos com pagamento parcelado, sem juros. Escolhi um eletrodoméstico cujo preço acaba de ser reduzido, vejam só, de R$ 2.229 para R$ 1.928. E o mais incrível é que você pode pagar em nove parcelas, sem juros, de R$ 214! Avanço mais um passo e o site informa que o preço cai para R$ 1.832, desconto de 5%, se o pagamento for feito em uma vez no cartão ou boleto bancário. É isso, desconto de 5% que você nem pediu nem precisou negociar.
Com um pouco de resistência da sua parte, se o comerciante perceber que você vai escapar, vai olhar outras lojas antes de decidir, prepare-se para receber um desconto melhor, de 10% ou mais, dependendo do produto e do valor da compra.
Minha estratégia é pesquisar muito na internet antes de comprar. Pesquisa feita, sei quanto vale o produto e quem tem o melhor preço. Vou à loja para ver o produto de perto, comparar com outras marcas. Separo a negociação em duas partes. Na primeira demonstro incerteza, relutância se quero mesmo comprar, digo que vi o produto por preço melhor em outra loja, que a mesma loja vende o produto mais barato pela internet, enfim, faço o comerciante reduzir o preço para conseguir o negócio.
Depois de conseguir um desconto e deixar o vendedor contente, inicio a segunda negociação, que diz respeito à forma de pagamento. Eu não pergunto se tem desconto para pagar à vista. Pergunto de quanto é o desconto para pagar à vista. Parto do princípio de que existe um desconto que será maior ou menor dependendo da forma de pagamento. Assim, consigo ampliar o desconto e reduzir o preço final.
O comerciante não cede, insiste em que o preço à vista é igual ao preço em dez vezes sem juros? Diga que desistiu da compra e saia da loja. Nessa hora o vendedor provavelmente vai tirar a ultima carta da manga para não perder a venda. Se o comerciante não ceder, não faz mal. O mercado está cheio de concorrentes vendendo o produto pelo mesmo preço ou até melhor. Não tem nada de errado em comprar a prazo. Tudo bem financiar a compra de itens necessários e parcelar o pagamento ao longo do tempo, devidamente planejado no orçamento. O que não pode é fazer isso acreditando que não existe juro embutido nessa transação. O que está errado é comprar só porque uma atraente (e falsa) oferta de financiamento sem juros induz o consumidor ao erro de comprar o que ele não precisa, no lugar errado, na hora errada, pelo preço errado. Fique atento!
Será que alguém acredita, de verdade, que pode comprar e pagar em 12, 14, 18 vezes sem juros? Em uma economia como a brasileira, que pratica a taxa de juros mais alta do planeta, que cobra absurdos juros de 15% ao mês dos desafortunados que parcelam a fatura do cartão de crédito?
Será que existe o bom samaritano que faz o favor de te emprestar dinheiro para comprar à vista e parcelar em 12 vezes ou mais, correndo o risco de não receber todas as parcelas, sem cobrar nada por isso?
É evidente que existe uma taxa de juros embutida no preço parcelado a perder de vista. Ela não é aparente, não é declarada, mas está lá, sorrateiramente embutida nas parcelas que o consumidor acredita será capaz de pagar.
O consumidor que não tem dinheiro para comprar à vista, por um preço menor, se agarra a essa oferta enganosa para realizar seu sonho de consumo. Afinal ele não pode esperar, precisa comprar mais uma peça de roupa hoje. Precisa comprar outro par de sapatos, de que não está precisando, só porque está em liquidação. Ou a versão mais recente do smartphone.
Quem está enganando quem aqui nesta história? O comerciante engana o consumidor dizendo que ele pode comprar um produto pelo mesmo preço do pagamento à vista. Dessa forma, aumenta muito a probabilidade da venda. Omite o preço da venda à vista porque, se assim o fizer, sua história de juro zero será desmascarada. Teima em dizer que o preço é o mesmo apesar de sabermos que isso é impossível em uma economia como a nossa.
O consumidor engana a si mesmo porque acredita nessa história e acha que está fazendo um ótimo negócio. Ele nem tenta negociar um preço melhor para pagar à vista porque não tem dinheiro e assim acaba por validar a estratégia dos comerciantes.
Entrei no site de um grande varejista e encontrei diversos produtos sendo oferecidos com pagamento parcelado, sem juros. Escolhi um eletrodoméstico cujo preço acaba de ser reduzido, vejam só, de R$ 2.229 para R$ 1.928. E o mais incrível é que você pode pagar em nove parcelas, sem juros, de R$ 214! Avanço mais um passo e o site informa que o preço cai para R$ 1.832, desconto de 5%, se o pagamento for feito em uma vez no cartão ou boleto bancário. É isso, desconto de 5% que você nem pediu nem precisou negociar.
Com um pouco de resistência da sua parte, se o comerciante perceber que você vai escapar, vai olhar outras lojas antes de decidir, prepare-se para receber um desconto melhor, de 10% ou mais, dependendo do produto e do valor da compra.
Minha estratégia é pesquisar muito na internet antes de comprar. Pesquisa feita, sei quanto vale o produto e quem tem o melhor preço. Vou à loja para ver o produto de perto, comparar com outras marcas. Separo a negociação em duas partes. Na primeira demonstro incerteza, relutância se quero mesmo comprar, digo que vi o produto por preço melhor em outra loja, que a mesma loja vende o produto mais barato pela internet, enfim, faço o comerciante reduzir o preço para conseguir o negócio.
Depois de conseguir um desconto e deixar o vendedor contente, inicio a segunda negociação, que diz respeito à forma de pagamento. Eu não pergunto se tem desconto para pagar à vista. Pergunto de quanto é o desconto para pagar à vista. Parto do princípio de que existe um desconto que será maior ou menor dependendo da forma de pagamento. Assim, consigo ampliar o desconto e reduzir o preço final.
O comerciante não cede, insiste em que o preço à vista é igual ao preço em dez vezes sem juros? Diga que desistiu da compra e saia da loja. Nessa hora o vendedor provavelmente vai tirar a ultima carta da manga para não perder a venda. Se o comerciante não ceder, não faz mal. O mercado está cheio de concorrentes vendendo o produto pelo mesmo preço ou até melhor. Não tem nada de errado em comprar a prazo. Tudo bem financiar a compra de itens necessários e parcelar o pagamento ao longo do tempo, devidamente planejado no orçamento. O que não pode é fazer isso acreditando que não existe juro embutido nessa transação. O que está errado é comprar só porque uma atraente (e falsa) oferta de financiamento sem juros induz o consumidor ao erro de comprar o que ele não precisa, no lugar errado, na hora errada, pelo preço errado. Fique atento!
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