Por Fátima Bonilha, advogada - Estadão
Como sempre em tempos de crise e como sempre estamos em tempos de crise, logo vêm propostas mirabolantes sobre reforma da Previdência, mudanças de direitos trabalhistas e criação de impostos. Um discurso único, de qualquer partido, por qualquer chefe do Executivo. Sem dúvida, há pouca boa vontade, nunca focada na direção correta.
Como sempre em tempos de crise e como sempre estamos em tempos de crise, logo vêm propostas mirabolantes sobre reforma da Previdência, mudanças de direitos trabalhistas e criação de impostos. Um discurso único, de qualquer partido, por qualquer chefe do Executivo. Sem dúvida, há pouca boa vontade, nunca focada na direção correta.
A Previdência, mãe de todos os pecados da bancarrota das contas públicas, é a maior fonte de renda que se conhece para os cofres públicos. Ainda que desacreditada pelos menos esclarecidos, é, sim, a melhor garantia de uma renda no futuro. Muito melhor que qualquer previdência privada, que pode ser sacada quando houver uma emergência ou vontade.
Sabemos que a população envelheceu e hoje a expectativa de vida é de mais de 70 anos, e que isto desequilibra a balança custo/benefício, porém, a pior verdade não se refere a minha, a sua, a do seu vizinho, mas, sim, à forma como se aposentam alguns poucos desavergonhados privilegiados que se fazem de desentendidos com a sua cota-parte.
Mesmo com a extinção do antigo IPC (Instituto de Previdência dos Congressistas), ainda existem mais de 2 mil congressistas que recebem valores que ultrapassam R$ 30 mil por mês; os menos “afortunados” recebem mais de R$ 8 mil mensais. Já o cidadão comum recebe como benefício um salário mínimo, tomando-se por base mais de 80% dos beneficiários do INSS.
Também não é o homem do campo que vai terminar de afundar a Previdência, pois estes infelizes, que muitas vezes trabalham em regime de escravidão para alguns, quando de suas merecidas aposentadorias, vão receber o mesmo salário mínimo.
A tentativa de equiparar idades entre os sexos é outra distorção, pois, mesmo com a posição que tem a mulher nos dias de hoje, a grande maioria ainda tem tripla jornada de trabalho e, por este motivo, muitas vezes esgotada, não dá a atenção desejada por seu companheiro e é despachada, aumentando ainda mais a sua responsabilidade e, por consequência, o seu desgaste físico e mental. Evidentemente que não pode ser comparada ao homem, pois nem recebe como tal.
Também o cônjuge/companheiro sobrevivente deve manter o seu direito à pensão integral, respeitando-se o tempo mínimo de convivência, mas sem um tempo determinado, pois muitos ficam viúvos com filhos pequenos, ou quando já estão em idade avançada e as pensões não lhes cobrirão os custos das fraldas, quanto mais médicos e remédios.
E qual seria a melhor solução? Entendo que aumentar o número de vagas de trabalho, diminuindo os encargos, dando a possibilidade de novas e maiores contratações por empresários e semelhantes; extirpar em definitivo as aposentadorias diferenciadas custeadas pelo Tesouro (Previdência) e manter a justa regra 85/95, aumentando gradativamente até 95/100.
Obviamente, se um dia percebermos que a corrupção, em todas as escalas, nos levou a isto, que o toma lá dá cá acabou com o nosso país, aí sim, dentro de um longo prazo, a Previdência será uma opção desejada por todos e conseguirá dar abrigo a todos que a custearam.
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