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terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Forrest Trump

Por Arnaldo Jabor - Estadão
Em 96, escrevi sobre dois filmes que me arrepiaram a espinha. Um deles era o Forrest Gump e o outro o Independence Day, filme catástrofe-ufanista. Foram dois sucessos internacionais e também dois recados para o mundo de hoje.

Relendo hoje os dois textos, vejo que as condições objetivas para a “desconstrução” do mundo atual pelo Trump já eram cozinhadas no fogão das bruxas. Dava para ouvi-las como em Macbeth, cantando: “Something wicked this way comes” (Coisas terríveis vêm por aí...).

Na era Clinton, a sabotagem dos republicanos já estava rolando. Não deram um minuto de sossego para o homem. A cada dia, inventavam uma nova sacanagem.

Foram acusações imobiliárias em Whitewater, pecados em Little Rock até que, um belo dia, caiu do céu a história da Monica Lewinsky dando chance ao promotor Kenneth Starr de liderar a campanha mais implacável que vi na vida, prefigurando o golpe de direita que depois se consumou com a reeleição de Bush. Estranhamente, tudo começou e acabou em sexo - da boca de Monica até o Trump puxando as mulheres pelas partes íntimas.

Hoje, já dá para ver que as administrações democratas são fogos fátuos perto dos fundamentalistas do Tea Party - a verdadeira América é fisicamente republicana.

Obama foi uma dádiva da sorte. Ele veio meio fora da curva, por seu raro carisma. Se o Mitt Romney tivesse ganho, a desgraça de hoje já teria começado há oito anos. Obama serviu para segurar bastante a barra das sabotagens, mas os indícios de um rumo boçal e retrógrado já estavam no ar.
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