O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou ontem (14) ao Supremo Tribunal Federal (STF) 83 pedidos de
abertura de inquérito para investigar políticos citados nas delações de
77 executivos e ex-executivos da empreiteira Odebrecht e da petroquímica
Braskem (empresa do grupo Odebrecht).
Não foram divulgados os nomes dos alvos dos pedidos porque a
solicitação tem caráter sigiloso. O procurador-geral pediu a retirada do
segredo de Justiça de todo o material entregue nesta terça ao STF, sob o
argumento de que é necessário promover transparência e atender ao
interesse público.
Sete funcionárias da Procuradoria Geral da República chegaram às 17h06
ao Supremo Tribunal Federal com as 11 caixas de documentos para serem
protocolados.
Os pedidos de abertura de inquérito foram enviados ao Supremo Tribunal
Federal porque entre os alvos há autoridades com foro privilegiado, isto
é, que só podem ser investigadas (e depois julgadas, se for o caso) com
autorização do STF. São os casos de deputados e senadores, por exemplo.
Governadores são investigados e julgados no Superior Tribunal de
Justiça (STJ).
A PGR solicitou que o STF autorize abertura de investigações de pelo
menos cinco ministros, seis senadores, um deputado e ex-integrantes dos
governos Lula e Dilma, inclusive os dois ex-presidentes. Os nomes são os
seguintes:
- Aloysio Nunes (PSDB-SP), ministro de Relações Exteriores
- Eliseu Padilha (PMDB-RS), ministro da Casa Civil
- Moreira Franco (PMDB-RJ), ministro da Secretaria-Geral da Presidência
- Gilberto Kassab (PSD-SP), ministro de Ciência e Tecnologia
- Bruno Araújo (PSDB-PE), ministro das Cidades
- Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara
- Eunício Oliveira (PMDB-CE), presidente do Senado
- Edison Lobão (PMDB-MA), senador
- José Serra (PSDB-SP), senador
- Aécio Neves (PSDB-MG), senador
- Romero Jucá (PMDB-RR), senador
- Renan Calheiros (PMDB-AL), senador
Para a primeira instância da Justiça, os pedidos de inquérito são para os ex-presidentes
- Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
- Dilma Rousseff (PT)
E para os ex-ministros
- Antonio Palocci (PT)
- Guido Mantega (PT)
Para os casos de políticos e demais pessoas que perderam o foro
privilegiado – integrantes do governo passado, por exemplo –, o
procurador-geral fez 211 pedidos de remessa de trechos das delações para
instâncias inferiores da Justiça (o chamado "declínio de competência").
No total, a Procuradoria Geral da República fez ao Supremo 320 pedidos, dos quais:
- 83 pedidos de abertura de inquérito
- 211 pedidos de remessa de trechos das delações que citam pessoas sem foro no STF para outras instâncias da Justiça
- 7 pedidos de arquivamento
- 19 outras providências
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