Em publicação nas redes sociais, Dallagnol disse que "chama a atenção" que os mesmos ministros que decidiram pela saída de Dirceu da prisão –Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski– "votaram para manter presas pessoas em situação de menor gravidade, nos últimos seis meses".
O procurador citou três casos: o de um ex-prefeito do Piauí acusado de corrupção "em menor vulto e por menos tempo" que Dirceu, o de um acusado por tráfico preso com "162 gramas de cocaína e 10 gramas de maconha" e o de um réu primário, "encontrado com menos de 150 gramas de cocaína e maconha".
Em cada um dos casos, ele citou decisão de um dos ministros. Em seguida, fez uma "conclusão": "Diz-se que o tráfico de drogas gera mortes indiretas. Ora, a corrupção também", disse Dallagnol.
"A mudança do cenário, dos morros para gabinetes requintados, não muda a realidade sangrenta da corrupção. Gostaria de poder entender o tratamento diferenciado que recebeu José Dirceu, quando comparado aos casos acima."
O procurador ainda afirmou que, embora os cidadãos depositem sua esperança no STF, elas "foram frustradas".
Segundo ele, "fica um receio" porque estão presos desde 2015 o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, os ex-diretores da Petrobras Renato Duque e Jorge Zelada, Marcelo Odebrecht, o ex-presidente do PP Pedro Correa e os ex-deputados André Vargas (ex-PT-PR) e Luiz Argôlo (ex-SD-BA).
"Todos há mais tempo do que José Dirceu. Isso porque sua liberdade representa um risco real à sociedade. A prisão é um remédio amargo, mas necessário, para proteger a sociedade contra o risco de recidiva, ou mesmo avanço, da perigosa doença exposta pela Lava Jato", disse o procurador.
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