Por Elio Gaspari - Folha de SP
Há um ano, quando a rua gritava "Fora, Dilma", sabia-se que para o seu
lugar iria o vice-presidente, Michel Temer. Ele apresentou-se ao país
propondo um governo de união nacional e tornou-se um campeão de impopularidade.
Prometeu um ministério de notáveis, cercou-se de suspeitos e perdeu
dois ministros (Romero Jucá e Geddel Vieira Lima) por flagrantes
malfeitorias.
Pode-se não gostar de Temer, mas o doutor chegou à cadeira pelas regras
do livrinho. Agora grita-se "Fora, Temer", mas não se pode saber quem
irá para o lugar. Pela Constituição, o novo doutor seria eleito
indiretamente pelos senadores e deputados. Basta que se ouçam as
conversas de Temer, Aécio Neves (presidente do PSDB) e Romero Jucá
(presidente do PMDB), grampeadas por Joesley Batista e Sérgio Machado,
para ver que, sem a influência da opinião pública, daquele mato não sai
coisa boa.
Por isso é útil que se exponham logo nomes de doutores e doutoras que
poderiam substituí-lo. Todos dirão que não querem, mas, olhando-se para
trás, só houve um caso de cidadão que chegou ao poder sem ter pedido
apoio a quem quer que seja. Foi o general Emilio Garrastazu Médici, em
1969. Ele chegou a afrontar o sacro colégio de generais, abandonando a
sala do consistório, mas essa é outra história. Todos queriam, cabalando
com maior ou menor intensidade. Estão frescas na memória nacional as
maquinações de Temer para desalojar Dilma Rousseff.
Se Temer desistir, se o Tribunal Superior Eleitoral resolver dispensá-lo
ou se um doloroso processo de impedimento vier a defenestrá-lo, a
pergunta essencial ficará no mesmo lugar: Quem? E para quê?
Mais aqui >Fora, Temer. Ok, mas para colocar quem?
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