Maldito Tributo
26/02/1975
Quando boiava, linda, lá no azul celeste,
A Lua peregrina, alcovitando amores,
Quanta felicidade, ó Vera Paz, nos deste,
Ao som dos violões e à voz dos teus cantores!...
Nas cinzas do que foi, quase a chorar, ingresso...
Todo um passado fica para sempre morto,
Porque, como um tributo pago ao tal “progresso”,
A nossa Vera Paz deu vez ao Cais do Porto!
Contudo, que fazer? O fato consumado
Aí está, pungindo as almas santarenas.
Pior ainda: a esteira do trator malvado,
Não matará ( ó meu Deus!) a Vera Paz apenas!
Também já vão sumindo impiedosamente
(Para não blasfemar, só tendo muita fé!)
Outros velhos xodós do coração da gente:
Laguinho...Mapiri...Adeus, Maria José!
O nosso enlevo foste!Oh! Que cartão-postal!...
Por isso é que dói tanto a amarga realidade:
A mais inspiradora praia regional
Hoje é lembrança...verso...lágrima ...e saudade!...
Outros poemas, outras músicas...
Canção da Vera Paz
27/09/1966
Música de Wilson Fonseca
Raras coisas desta vida
São gostosas como a ida
Em noite de lua cheia
À Vera Paz afamada
Pra comer uma peixada
Sobre o alvo chão de areia
E se há um violão
Ponteando uma canção
Como fundo musical,
A felicidade é tanta
Que a gente até se espanta,
Pensando não ser real.
ESTRIBILHO
Teu luar, ó “Vera Paz”
Saudade pra gente traz!
Adeus, Vera Paz
31/03/1973
Música de Wilson Fonseca
O progresso foi chegando...
E eu nem sei direito quando
A tristeza aconteceu.
Cais do Porto, essa esperança
Dos meus tempos de criança
Hoje é sonho que viveu!
Mas, enquanto se trabalha
O reverso da medalha
Amargura uma cidade:
Nossa praia acolhedora,
Vera Paz encantadora,
Lá se foi, virou saudade!...
ESTRIBILHO
Violões não mais terás...
Adeus, linda Vera Paz!...
Nem serestas, nem luares...
Violão, se tu chorares,
Também choro, não resisto.
Modernices são bem vindas,
Mas destroem coisas lindas
Quanta mágoa eu sinto disto!
Nos arquivos da memória
Incluí mais uma história
Desta vida tão fugaz:
Chegará bem mais conforto
Nos navios do Cais do Porto,
Mas...findou-se a Vera Paz!
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