Em viagem ontem, 6, a Manaus para acompanhar a eleição
suplementar para o governo do Amazonas, o ministro Gilmar Mendes,
presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) disse ao Estado/Broadcast que
o Supremo Tribunal Federal ficou a reboque da Procuradoria-Geral da
República (PGR) no caso da Lava Jato e desejou ao procurador-geral
Rodrigo Janot "uma boa viagem". Gilmar afirmou, ainda, que vai jantar
neste domingo com o presidente Michel Temer e defendeu um regime
semipresidencialista para o País.
O que significa para a Lava Jato a saída do
procurador Rodrigo Janot do comando da PGR? Como avalia a hipótese de
ele mandar mais uma denúncia contra Temer para a Câmara?
Essa coisa se personalizou de tal maneira que a gente só pode desejar
ao procurador uma boa viagem. Ele perdeu todas condições de equilíbrio
para continuar exercendo o cargo. Infelizmente, o sistema permite isso.
Eu tenho criticado o Supremo Tribunal Federal, que ficou a reboque de
impulsos do procurador-geral, permitindo a violação da lei de delação e
uma série de abusos nessa área. Estamos fazendo uma rediscussão sobre
esse tema. Certamente, o Tribunal vai acertar o passo. Acho que haverá o
restabelecimento da normalidade na relação do Tribunal com a PGR.
Não era possível ter agilizado o julgamento dos
recursos da defesa do governador cassado do Amazonas para evitar a
insegurança jurídica na eleição suplementar? O vencedor do pleito deste
domingo, 6, pode não ser diplomado.
Faço questão de vir aqui (Manaus) e de ter vindo no dia 26, exatamente para sinalizar que nós estávamos em processo de consolidação das eleições. O ministro (Ricardo)
Lewandowski, que havia dado a ordem para a suspensão, houve por bem
depois adotar a mesma posição. Esse assunto está encaminhado. Não foi
realmente ideal a decisão inicial que determinou o cumprimento de
imediato da decisão (de afastar o governador do Amazonas),
porque ainda era pendente de recurso. Não havia acórdão do que recorrer e
tudo mais. Mas isso fica para os livros da história. Acredito que o
tribunal (TSE) não vai mais reincidir nesse tipo de equívoco.
Todos estão advertidos das consequências. Todos pagamos um pouco por
esse equivoco.
Foram registradas no Ministério Público
Eleitoral do Amazonas várias denúncias de compra de votos e uso da
máquina na eleição. É possível impedir essa prática em um Estado tão
grande e geograficamente complexo?
Em todas as eleições, nós temos queixas. Algumas são plausíveis, outras nem tanto. Temos que fazer o devido sopesamento. O (ex) ministro (Nelson) Jobim (do STF e da Justiça)
brincava: 'Nós só não cassamos o segundo lugar porque não temos tempo'.
Se fossemos adotar o mesmo critério em relação ao segundo colocado,
acabaríamos por cassar os dois. Um imputa ao outro o abuso de poder
econômico e político. Temos que ter um certo equilíbrio para destacar a
vontade popular. Só em casos realmente extremados é que o Tribunal deve
intervir. Se não banaliza as impugnações. Com as assimetrias que temos, a
nossa democracia é uma das maiores do mundo. Não podemos a cada queixa
banalizar. Daqui a pouco os juízes é que vão definir. Será que o segundo
colocado representa de forma adequada a vontade das pessoas? É razoável
que o juiz indique quem vai governar o Estado? Não é. Não me parece
que, para cada eventual desvio que ocorra, uma intervenção judicial vá
resolver o problema.
Se for aprovado o financiamento público de campanha, como o TSE vai fiscalizar um volume tão grande de dinheiro (cerca de R$ 3,5 bilhões)?
Esse é um problema criado. A tradição que nós tínhamos era inicialmente, até a eleição de (Fernando) Collor, de participação só do cidadão e das empresas por caixa 2. Tivemos os abusos que tivemos. O Supremo disse que era inconstitucional a participação das empresas. Esse ciclo então se encerrou, mas continuamos a ter problemas. Temos o momento da auto-doação, que as pessoas ricas não têm limite. Falam em um fundo de R$ 2,8 bilhões. Nós temos defendido um modelo de lista pré-ordenada, porque a campanha seria feita em nome do partido. Mas disseram que isso iria gerar manipulação. A dificuldade agora é usar dinheiro público em um sistema aberto. Como vai distribuir? Qual é o critério? Essa é a pergunta que temos passado aos políticos. Essa questão está aberta.
Esse é um problema criado. A tradição que nós tínhamos era inicialmente, até a eleição de (Fernando) Collor, de participação só do cidadão e das empresas por caixa 2. Tivemos os abusos que tivemos. O Supremo disse que era inconstitucional a participação das empresas. Esse ciclo então se encerrou, mas continuamos a ter problemas. Temos o momento da auto-doação, que as pessoas ricas não têm limite. Falam em um fundo de R$ 2,8 bilhões. Nós temos defendido um modelo de lista pré-ordenada, porque a campanha seria feita em nome do partido. Mas disseram que isso iria gerar manipulação. A dificuldade agora é usar dinheiro público em um sistema aberto. Como vai distribuir? Qual é o critério? Essa é a pergunta que temos passado aos políticos. Essa questão está aberta.
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