Dois parlamentares chegaram a defender "porrada" e tortura em colegas e no coreógrafo Wagner Schwartz, que realizou o trabalho na abertura da exposição "Brasil em Multiplicação" —nela seu corpo pode ser tocado pelo público, em uma interpretação da obra "Bicho", de Lygia Clark.
Durante o ato, uma menina foi incentivada pela mãe a interagir com o artista. Agachada, ela se movimentou ao lado dele e tocou sua perna e sua mão.
Um dos primeiros deputados a se inflamar na Câmara nesta terça foi João Rodrigues (PSD-SC), que em 2015 chegou a ser flagrado no plenário vendo pornografia no seu aparelho de telefone celular em plena votação da reforma política. Na época atribuiu o episódio a amigos que lhe mandavam "muita sacanagem".
"Um marmanjo completamente nu de mãos dadas com três ou quatro crianças fazia uma apresentação cultural", começou a discursar o deputado, subindo o tom a cada frase dita.
"O ato daquele pilantra que estava nu no museu de artes modernas não é só um ataque à moral do povo brasileiro, mas é pra mexer com o subconsciente dos tarados do Brasil. O psicopata, o tarado por criança, quando vê aquela imagem daquele patife, certamente dirá: 'tudo pode'.", prosseguiu.
Ao final de sua fala, se exaltou mais ainda: "Não consigo acreditar que tenha algum pilantra, algum vagabundo dentro dessa Casa que aplauda isso, porque se tiver tem que levar porrada. Se tiver tem que ir para o cacete, para aprender. Bando de safado, bando de vagabundo, bando de traidores da moral da família brasileira. Tem que ir pra porrada com esses canalhas."
Após sua fala, o deputado Edmilson Rodrigues (PSOL-PA) foi à tribuna e lembrou o episódio em que João Rodrigues foi flagrado vendo e mostrando imagens pornográficas a colegas no plenário. "Ele foi flagrado assistindo filme pornográfico. Se é filme pornográfico, tem sexo, tem nu. Tenha vergonha na cara aqueles que querem dar puxão de orelha aos quem têm compromisso com a arte e a justiça social."
Ao descer ao plenário, os ânimos se exaltaram e os dois tiveram que ser contidos por colegas para não se agredir.
Momentos depois, o deputado Laerte Bessa (PR-DF), que é delegado da Polícia Civil, exaltou instrumentos de tortura, afirmando que o coreógrafo da performance no MAM-SP merecia levar uma "taca".
"Pergunta se ele conhece direitos humanos? Direitos humanos é um porrete de pau de guatambu que a gente usou muitos anos em delegacia de polícia. Se ele conhece rabo de tatu [usado para chicotear presos], que também usamos em bons tempos em delegacia de polícia. Se aquele vagabundo fosse fazer aquela exposição (...) ele ia levar uma 'taca' que ele nunca mais ele iria querer ser artista e nunca mais iria tomar banho pelado", afirmou Bessa. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), apelou para o deputado "manter o nível" e ordenou que suas palavras não fossem registradas nos anais da Casa.
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