No Carnaval de 1989, a Beija-Flor, leia-se Joãozinho 30, propunha-se a apresentar um atrevido enredo antiluxo: "Ratos e Urubus, Larguem Minha Fantasia", uma ode aos mendigos, bêbados e menores carentes do Brasil. O ponto alto seria o carro com a imagem de um Cristo encravado numa favela. A Cúria Metropolitana do Rio viu nisso um deboche, entrou com uma ação cautelar e conseguiu impedir o Cristo de desfilar. Só que Joãozinho cobriu o Cristo com sacos de lixo preto e desfilou-o do mesmo jeito, com um cartaz pendurado no peito: "Mesmo proibido, olhai por nós" (foto).
Mas, desde então, os espíritos se desarmaram. Na semana passada, a Arquidiocese do Rio comemorou os 300 anos da aparição da imagem de Nossa Senhora no rio Paraíba do Sul, além dos 86 anos da inauguração do monumento ao Cristo Redentor, com a participação de mil crianças de 16 escolas de samba mirins, desfilando pelo Leme e apresentando o samba-enredo "Aparecida de Nossa Senhora". O evento se completou com procissões, missas e a coroação da santa.
Nunca o samba e os católicos estiveram tão próximos. Na verdade, eles têm muito em comum —guardam certas semelhanças em liturgia, paramento e cantos, dão igual valor à simbologia e gostam de desfilar com estandartes.
A comemoração conjunta foi mediada pelo S.O.S. Villa-Lobos, um grupo de intelectuais (um deles, o embaixador Jeronimo Moscardo, ministro da Cultura de Itamar Franco) empenhado em proteger as tradições populares do Rio das trevas que as ameaçam. Inspira-se em Villa-Lobos, que, nas décadas de 30 a 50, formou corais com milhares de crianças brasileiras. O samba, a igreja católica e os intelectuais fazem bem em se unir.
Mas, desde então, os espíritos se desarmaram. Na semana passada, a Arquidiocese do Rio comemorou os 300 anos da aparição da imagem de Nossa Senhora no rio Paraíba do Sul, além dos 86 anos da inauguração do monumento ao Cristo Redentor, com a participação de mil crianças de 16 escolas de samba mirins, desfilando pelo Leme e apresentando o samba-enredo "Aparecida de Nossa Senhora". O evento se completou com procissões, missas e a coroação da santa.
Nunca o samba e os católicos estiveram tão próximos. Na verdade, eles têm muito em comum —guardam certas semelhanças em liturgia, paramento e cantos, dão igual valor à simbologia e gostam de desfilar com estandartes.
A comemoração conjunta foi mediada pelo S.O.S. Villa-Lobos, um grupo de intelectuais (um deles, o embaixador Jeronimo Moscardo, ministro da Cultura de Itamar Franco) empenhado em proteger as tradições populares do Rio das trevas que as ameaçam. Inspira-se em Villa-Lobos, que, nas décadas de 30 a 50, formou corais com milhares de crianças brasileiras. O samba, a igreja católica e os intelectuais fazem bem em se unir.
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