“Desse jeito, vamos entregar a Presidência para o Lula, em 2018”, previu Aloysio, em uma alusão à tentativa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de voltar ao poder. “Engana-se quem pensa que será carregado nos braços do povo por ter desembarcado do governo. O PSDB será julgado por suas ações concretas em benefício do País. Mas como fazer o discurso da razão com o partido em pé de guerra?” Alvo de petição enviada ao Supremo Tribunal Federal pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge, que alegou ser “fato incontroverso” o recebimento de R$ 500 mil da Odebrecht para financiar sua campanha ao Senado, em 2010, o ministro admitiu constrangimento com a acusação.
“Eu quero que esse inquérito seja concluído logo. Quero ser investigado porque nada tenho a esconder. É um incômodo ser ministro com esse ‘troço’ em cima de mim”, argumentou ele, sem esconder a contrariedade com a expressão “incontroverso”, usada por Raquel.
Senador licenciado, Aloysio decidiu se candidatar à reeleição, em 2018. Ao Estado, disse que a defesa feita por ele da permanência do PSDB no governo Temer não tem qualquer relação com sua manutenção no cargo nem com foro privilegiado. “Eu não faço obra em ministério, não tenho verba e não nomeio ninguém”, afirmou.
Casa Dividida. Aloysio apoia o governador de Goiás, Marconi Perillo, para a presidência do PSDB, contra o senador Tasso Jereissati (CE), que foi destituído ontem do comando provisório do partido pelo colega Aécio Neves (MG), alvejado pela Lava Jato. Tasso sempre pregou a saída da equipe de Temer.
“Perillo tem mais condições de promover a unidade do partido. Sigo os mandamentos de Mateus 12:25: ‘A casa dividida contra si mesmo será destruída’”, resumiu o chanceler.
Amigo de Alberto Goldman, novo presidente interino do PSDB, Aloysio disse que o ex-governador de São Paulo “é isento e não pertence a nenhuma facção”. Na sua avaliação, não houve nenhum “golpe” de Aécio porque tudo foi decidido dentro de normas estatutárias. A convenção do PSDB que escolherá a nova direção do partido está marcada para 9 de dezembro. “Isso (a saída de Tasso) tinha de ser feito para garantir uma disputa equilibrada”, observou.
Limites. A briga do PSDB em praça pública, no diagnóstico do ministro, já passou dos limites e cada vez mais prejudica o tucanato. “A chance de vitória do PSDB, em 2018, é ser o fator de agregação do centro político, formado também pelo PMDB e pelo DEM, com base em uma plataforma que está em andamento. Estamos jogando tudo isso pela janela. E qual a nova proposta para colocar no lugar?”, perguntou ele. “Se não percebermos isso, a disputa vai ficar entre Lula e Bolsonaro (deputado Jair Bolsonaro, pré-candidato do PSC), e o Lula será eleito triunfalmente.”
Ao ser questionado sobre o comentário do senador José Serra (PSDB-SP), para quem “só com psicanálise” alguém entende o PSDB, o ministro abriu um sorriso. “É preciso ver se a gente não enlouquece o psicanalista antes”, provocou.
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