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sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Editorial - Estadão: Lula fala do que entende

Ajuste fiscal significa botar em ordem as contas do governo para que haja dinheiro suficiente, por exemplo, para aplicar na criação e ampliação de programas sociais. Mas Lula da Silva acha isso tudo uma grande bobagem. Na visão populista do demiurgo de Garanhuns, o governo tem que promover o bem-estar social com ou sem déficit, ou seja, com ou sem dinheiro. É mais ou menos o mesmo argumento que o leva a ser hoje, na oposição, contra a reforma da Previdência que iniciou em seu primeiro ano na Presidência da República e depois abandonou, sobre pressão da CUT e das lideranças do alto funcionalismo público. E agora está radicalizando: em palestra a alunos do Instituto Federal, em Campos dos Goytacazes, no Estado do Rio, Lula garantiu que os defensores do ajuste fiscal “estão falando um monte de merda”. Não explicou, porém, de onde tirar recursos para ampliar programas sociais ou para evitar a falência do sistema previdenciário. Afinal, seu discurso não tem nada a ver com resolver problemas do País, mas com a retórica que ele julga capaz de conquistar votos que o coloquem de novo na Presidência da República.
Lula está dedicando esta semana à terceira etapa – agora nos Estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro – das caravanas políticas com as quais pretende manter-se em evidência não apenas como candidato à Presidência – se a Justiça o permitir –, mas como “perseguido político” pela Operação Lava Jato. O ex-presidente não se limita a fazer à maior operação de combate à corrupção já realizada no País os reparos que ela merece pelos evidentes exageros de agentes públicos que puseram suas convicções à frente da lei. Lula é pura e simplesmente contra a Lava Jato.

Em entrevista a uma emissora de rádio em Campos, culpou a operação “pelo que está fazendo com o Rio” ao levar empresas, inclusive a Petrobrás, à falência: “É preciso fazer uma distinção: se o empresário errou, prende o empresário. Mas não precisa quebrar a empresa”. E acrescentou: “Por causa de meia dúzia que eles dizem que roubou, e que ainda não provaram, não podem causar o prejuízo que estão causando à Petrobrás”. Esse discurso foi repetido em comício na praça central de Maricá, repleta de servidores municipais convocados pela prefeitura governada há sete anos pelo PT.

Interpretando o papel “Lulinha Paz e Amor” que desengavetou nesta sua caravana eleitoral, Lula declarou estar disposto a estender as mãos a todos os brasileiros que apoiaram o “golpe” contra Dilma Rousseff e que hoje “devem estar arrependidos”: “Aqueles que foram bater panela, aqueles que foram para as ruas apoiar o golpe, não têm mais panela para bater. Estão batendo a cabeça na parede de arrependimento. Não vamos tratá-los com indiferença. Vamos estender a mão e dizer ‘vem para cá, companheiro’”. E arrematou, em evidente ato falho: “É sempre tempo para a gente aprender”.

A retórica de um populismo cada vez mais descolado da realidade demonstra que Lula chegou à conclusão de que, ao contrário do que aconteceu na vitoriosa campanha de 2002, quando flertou abertamente com os liberais, agora seu futuro político depende essencialmente de “se jogar nos braços do povo”. Se conseguir levar para as ruas uma manifestação significativa de apoio popular Lula acredita que conseguirá proteger-se da ação da Justiça nos vários processos por corrupção nos quais é réu, em um dos quais já está condenado em primeira instância a nove anos e meio de prisão. É nesse sentido que uma das principais palavras de ordem do lulopetismo passou a ser “eleição sem Lula é golpe”. E que o próprio tem repetido: “Vou ser candidato e vou ganhar fácil esta eleição”.

A instabilidade e a crescente disfunção das instituições políticas tornam temerário qualquer prognóstico sobre a temporada política que se iniciará dentro em breve. A única coisa certa é que Lula continuará a dizer, dia sim e outro também, o que, segundo ele, estão falando os defensores do reajuste fiscal. É tudo o que ele sabe.

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