Nunca foi tão alta, segundo levantamento do Datafolha, a reprovação dos brasileiros ao desempenho do Congresso Nacional. Chega a 60% o índice dos entrevistados que consideram ruim ou péssima a atual legislatura. Supera-se, dessa maneira, o recorde negativo de 56% atingido em setembro de 1993, no auge da crise inflacionária e em pleno escândalo dos anões do Orçamento.
Com evidências graves de recebimento de propinas em troca de obras em redutos eleitorais, aquele episódio vai caindo no esquecimento -e empalidece diante das revelações da Lava Jato.
Crise tão aguda de representatividade política como a atual não tem, como se sabe, perspectiva de rápida solução. Com suas conhecidas distorções, o sistema eleitoral em vigor distancia o eleitorado dos candidatos a cargos proporcionais, que se oferecem aos milhares em cada pleito.
Não é incomum que grande número de eleitores se esqueça do candidato a deputado em quem votou -sendo até certo ponto ilusória a impressão de que, a cada pleito, "renova-se" a composição parlamentar face ao desprestígio dos que vão deixando o cargo.
A chamada "renovação" significa pouco num sistema em que ex-prefeitos e ex-deputados, secretários municipais ou estaduais trocam frequentemente de posto, sem que a obtenção de votos deixe de passar pelos clássicos caminhos da influência oligárquica, do poder econômico, do agenciamento de favores cartoriais.
Vícios que se originam, por sua vez, nas tradicionais carências de cultura política e informação que ainda se verificam no eleitorado.
Talvez se possa dizer, sem exagerado otimismo, que o quadro começa a mudar. Vastas e espontâneas manifestações de rua surgiram em junho de 2013 - e, ainda que seu ímpeto tenha arrefecido, não é razoável acreditar que tenham sido esquecidas.
Ampliam-se, ademais, iniciativas da sociedade que buscam esmiuçar a atuação dos congressistas e difundir informações referentes ao exercício dos mandatos. É bem-vindo que uma opinião pública de atenções tradicionalmente concentradas no Executivo se inteire dos detalhes da vida parlamentar.
O processo será longo, por certo; o desprestígio dos políticos não se confunde, ainda que o alimente, com o da democracia - e, fora desta, nenhuma solução prospera.
Com evidências graves de recebimento de propinas em troca de obras em redutos eleitorais, aquele episódio vai caindo no esquecimento -e empalidece diante das revelações da Lava Jato.
Crise tão aguda de representatividade política como a atual não tem, como se sabe, perspectiva de rápida solução. Com suas conhecidas distorções, o sistema eleitoral em vigor distancia o eleitorado dos candidatos a cargos proporcionais, que se oferecem aos milhares em cada pleito.
Não é incomum que grande número de eleitores se esqueça do candidato a deputado em quem votou -sendo até certo ponto ilusória a impressão de que, a cada pleito, "renova-se" a composição parlamentar face ao desprestígio dos que vão deixando o cargo.
A chamada "renovação" significa pouco num sistema em que ex-prefeitos e ex-deputados, secretários municipais ou estaduais trocam frequentemente de posto, sem que a obtenção de votos deixe de passar pelos clássicos caminhos da influência oligárquica, do poder econômico, do agenciamento de favores cartoriais.
Vícios que se originam, por sua vez, nas tradicionais carências de cultura política e informação que ainda se verificam no eleitorado.
Talvez se possa dizer, sem exagerado otimismo, que o quadro começa a mudar. Vastas e espontâneas manifestações de rua surgiram em junho de 2013 - e, ainda que seu ímpeto tenha arrefecido, não é razoável acreditar que tenham sido esquecidas.
Ampliam-se, ademais, iniciativas da sociedade que buscam esmiuçar a atuação dos congressistas e difundir informações referentes ao exercício dos mandatos. É bem-vindo que uma opinião pública de atenções tradicionalmente concentradas no Executivo se inteire dos detalhes da vida parlamentar.
O processo será longo, por certo; o desprestígio dos políticos não se confunde, ainda que o alimente, com o da democracia - e, fora desta, nenhuma solução prospera.
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