Um expediente clássico e muitas vezes eficaz para regimes autoritários em busca de verniz de legitimidade consiste em chamar o povo às urnas —e, sejam lá quais forem os meios, sair vencedor. Eis o caso da Venezuela do ditador Nicolás Maduro, que anunciou a antecipação do pleito presidencial, a ser realizado até o dia 30 de abril.
A manipulação do calendário eleitoral tem se dado de forma despudorada desde que a oposição surpreendeu e obteve a maioria das cadeiras na Assembleia Nacional, em dezembro de 2015.
De lá para cá, a catástrofe social e econômica gestada pelo chavismo só se agravou, mas o governo esmerou-se para que, magicamente, isso não resultasse em votos contrários nas disputas seguintes.
Primeiro, adonou-se do Conselho Nacional Eleitoral, que adiou por quase um ano as eleições estaduais, num momento em que as forças opositoras se viam fortalecidas pelo triunfo legislativo.
Nesse ínterim, não por acaso, elegeu-se um arremedo de Assembleia Constituinte, num processo flagrantemente fraudulento, boicotado pela oposição e condenado pela comunidade internacional.
Esse órgão tratou de manietar o Parlamento legítimo e se mostrou mais uma instituição tutelada por Maduro, que já tinha sob seu controle o Poder Judiciário.
O oficialismo, então, venceu em 18 de 23 Estados, contrariando pesquisas que apontavam vantagem opositora em ao menos dez deles. Caso lhes fosse permitido atuar na Venezuela, observadores estrangeiros independentes talvez comprovassem as denúncias de fraude.
Ato contínuo, a farsesca Constituinte adiantou a votação para escolher os prefeitos dos 335 municípios venezuelanos. Ante a recusa dos antichavistas em participar, quase 100% das cidades passaram para domínio governista.
Desta vez, o pretexto para mais uma antecipação foram as punições impostas pela União Europeia a altos funcionários de Caracas.
Ao convocar o pleito, o número dois do chavismo, Diosdado Cabello, disse que "o povo tem o direito de decidir seu próprio destino".
Com efeito, como bem tem defendido a diplomacia brasileira —rechaçando propostas como a intervenção militar estrangeira—, cabe apenas aos venezuelanos resolver seus problemas.
Isso, claro, se puderem fazê-lo de maneira livre, justa e transparente, o que não está garantido.
Por mais que a fragmentada oposição venezuelana cometa seus erros, ofende a lógica acreditar que a maioria da população, submetida às privações mais básicas na vida cotidiana, vá querer espontaneamente conferir a Maduro mais seis anos de poder.
A manipulação do calendário eleitoral tem se dado de forma despudorada desde que a oposição surpreendeu e obteve a maioria das cadeiras na Assembleia Nacional, em dezembro de 2015.
De lá para cá, a catástrofe social e econômica gestada pelo chavismo só se agravou, mas o governo esmerou-se para que, magicamente, isso não resultasse em votos contrários nas disputas seguintes.
Primeiro, adonou-se do Conselho Nacional Eleitoral, que adiou por quase um ano as eleições estaduais, num momento em que as forças opositoras se viam fortalecidas pelo triunfo legislativo.
Nesse ínterim, não por acaso, elegeu-se um arremedo de Assembleia Constituinte, num processo flagrantemente fraudulento, boicotado pela oposição e condenado pela comunidade internacional.
Esse órgão tratou de manietar o Parlamento legítimo e se mostrou mais uma instituição tutelada por Maduro, que já tinha sob seu controle o Poder Judiciário.
O oficialismo, então, venceu em 18 de 23 Estados, contrariando pesquisas que apontavam vantagem opositora em ao menos dez deles. Caso lhes fosse permitido atuar na Venezuela, observadores estrangeiros independentes talvez comprovassem as denúncias de fraude.
Ato contínuo, a farsesca Constituinte adiantou a votação para escolher os prefeitos dos 335 municípios venezuelanos. Ante a recusa dos antichavistas em participar, quase 100% das cidades passaram para domínio governista.
Desta vez, o pretexto para mais uma antecipação foram as punições impostas pela União Europeia a altos funcionários de Caracas.
Ao convocar o pleito, o número dois do chavismo, Diosdado Cabello, disse que "o povo tem o direito de decidir seu próprio destino".
Com efeito, como bem tem defendido a diplomacia brasileira —rechaçando propostas como a intervenção militar estrangeira—, cabe apenas aos venezuelanos resolver seus problemas.
Isso, claro, se puderem fazê-lo de maneira livre, justa e transparente, o que não está garantido.
Por mais que a fragmentada oposição venezuelana cometa seus erros, ofende a lógica acreditar que a maioria da população, submetida às privações mais básicas na vida cotidiana, vá querer espontaneamente conferir a Maduro mais seis anos de poder.
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