Por Roberto Dias - Folha de SP
Por mais maluca que esteja a corrida deste ano, o corredor polonês da eleição logo mais vai entrar em funcionamento. Os candidatos serão convidados a falar em público. Irão a sabatinas. Participarão de debates. Darão entrevistas. Terão sua vida escrutinada. Nomearão assessores, que darão voz a suas ideias (caso existam).
E o PT, como fica? Essa história de brincar de candidato preso não é apenas uma maluquice. Por mais bonito que o cálculo eleitoral possa parecer —e há muita dúvida se é tão bonito assim—, trata-se de irresponsabilidade política.
Um dos mais antigos partidos do país, o PT conta com a maior bancada de deputados federais e teve candidato a presidente em todas as eleições desde a redemocratização.
Na de 1989, num 26 de abril como este, a edição da Folha relatava o dia de um petista bastante ativo nas montadoras de São Bernardo, em reportagem intitulada: “Lula ataca os empresários nas portas das fábricas”. Em 1994, a essa altura do campeonato, o partido fechava seu plano de governo. Em 1998, discutia a aliança com Brizola. Em 2002, desfilava seu neopragmatismo, sintetizado noutro título: “Lula diz estar à caça de votos de esquerda, centro e direita”. Em 2006, ele disputou a cadeira já sentado nela.
Todo o acima fica mais difícil de ser feito em Curitiba. O PT já errou o cálculo esperando uma revolta social que não existiu no momento da prisão. Agora dedica-se a produzir fotos de filiados na frente do prédio da PF. Rendem memes engraçados, mas é difícil ver votos brotando dali.
Lançar Lula na cabeça da chapa com um vice que assumirá quando morrer a esperança de um milagre jurídico é brincar abertamente de poste. No fundo, um desrespeito aos eleitores —o candidato passará a campanha repetindo que só está ali porque o outro não apareceu?
Se existe um déficit democrático decorrente da prisão de Lula, ele deriva não da ausência dele em si, mas sim da estratégia de seu partido.
Por mais maluca que esteja a corrida deste ano, o corredor polonês da eleição logo mais vai entrar em funcionamento. Os candidatos serão convidados a falar em público. Irão a sabatinas. Participarão de debates. Darão entrevistas. Terão sua vida escrutinada. Nomearão assessores, que darão voz a suas ideias (caso existam).
E o PT, como fica? Essa história de brincar de candidato preso não é apenas uma maluquice. Por mais bonito que o cálculo eleitoral possa parecer —e há muita dúvida se é tão bonito assim—, trata-se de irresponsabilidade política.
Um dos mais antigos partidos do país, o PT conta com a maior bancada de deputados federais e teve candidato a presidente em todas as eleições desde a redemocratização.
Na de 1989, num 26 de abril como este, a edição da Folha relatava o dia de um petista bastante ativo nas montadoras de São Bernardo, em reportagem intitulada: “Lula ataca os empresários nas portas das fábricas”. Em 1994, a essa altura do campeonato, o partido fechava seu plano de governo. Em 1998, discutia a aliança com Brizola. Em 2002, desfilava seu neopragmatismo, sintetizado noutro título: “Lula diz estar à caça de votos de esquerda, centro e direita”. Em 2006, ele disputou a cadeira já sentado nela.
Todo o acima fica mais difícil de ser feito em Curitiba. O PT já errou o cálculo esperando uma revolta social que não existiu no momento da prisão. Agora dedica-se a produzir fotos de filiados na frente do prédio da PF. Rendem memes engraçados, mas é difícil ver votos brotando dali.
Lançar Lula na cabeça da chapa com um vice que assumirá quando morrer a esperança de um milagre jurídico é brincar abertamente de poste. No fundo, um desrespeito aos eleitores —o candidato passará a campanha repetindo que só está ali porque o outro não apareceu?
Se existe um déficit democrático decorrente da prisão de Lula, ele deriva não da ausência dele em si, mas sim da estratégia de seu partido.
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