O depoimento, por videoconferência, durou cerca de meia hora. O tucano falou da escolha dos conselheiros e diretores da Petrobras à época. “Eu procurei trazer para o conselho da Petrobras, pessoas representativas do mundo civil.
Pessoas que eram influentes”, comentou. Sobre os nomes, ele afirmou que não se recorda completamente. “Dos diretores da Petrobras, só houve uma exceção que não foi por indicação partidária, que eu me lembre”, contou.
Após o fim do mandato, em 2003, FHC relatou que ele e sua equipe criaram um modelo de instituto e passou a realizar palestras. “Começou como instituto e hoje é uma fundação. É habitual que nos países mais desenvolvidos que os ex-presidentes tenham. Com a diferença de que aqui o apoio público não existe. Você tem que obter recursos para fazer a fundação funcionar”, explicou.
Sobre as palestras, FHC disse que as palestras são de utilidade pessoal e profissional. Ele disse que algumas são de graça e que algumas ele cobra um certo valor. FHC argumentou que considera o fato de falar quatro línguas como uma das vantagens das palestras.
Em meio à audiência, FHC foi questionado sobre como era pago pelas palestras e outros trabalhos. “Alguma empresa reformou alguma propriedade que utilizava por fora, em reforma, algo assim?”
“Isso é feito através de um agente que faz o contrato e eu usualmente não conheço os donos ou representantes da empresa. Vou conhecer eles na hora. Nunca, jamais, nada disso, nem por fora, nem participar de nenhum momento de reforma. Eu não tenho muita coisa a reformar, só minha cabeça mesmo”, afirmou.
Fernando Henrique também disse a Moro que conversou não apenas com empresários, mas com líderes sindicais e líderes religiosos durante o seu mandato. Ele afirmou que, na vida pública, não se pode escolher quem será seu interlocutor, ao contrário do que ocorreria na esfera da iniciativa privada e que um presidente deve ouvir “malandros” no exercício do cargo.
“É natural que o presidente se comunique com os representantes da sociedade. Tendo influência, tem que falar. É parte da vida presidencial ouvir, conversar, discutir. MST, conversei inúmeras vezes. Sindicato, nem se fale. Igreja, nem se fale”, disse. “Mesmo o malandro, você sabe que ele é malandro, você não vai entrar na malandragem dele. Você tem que ver da malandragem dele, o que ele quer”.
“E ele não pode ser malandro o tempo todo, tem vez que não é. Ele não tem que ser discriminado. Quem tem função pública tem o dever de ouvir e a obrigação de cumprir o que é sua obrigação, que é tentar levar o país para certa direção.
Na ação em que FHC testemunhou, Lula é réu por supostas propinas de R$ 1 milhão da OAS, Odebrecht e Schahin. O valor é referente a reformas supostamente custeadas pelas empreiteiras no Sítio Santa Bárbara. Os proprietários do imóvel são o filho do ex-prefeito de Campinas, Fernando Bittar, e Jonas Suassuna. Segundo a Lava Jato, Lula seria beneficiário das reformas. O ex-presidente nega.
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