Editorial - Folha de SP
Michel Temer assumiu a Presidência na esteira do controverso, ainda que legítimo, impeachment de Dilma Rousseff (PT). O emedebista, que iniciou sua gestão sem gozar da confiança dos setores antipetistas do eleitorado, nunca foi um mandatário popular.
Quando contava dois meses no posto, em julho de 2016, pesquisa do Datafolha lhe atribuía aprovação de apenas 14% dos brasileiros, ante 31% que consideravam seu governo ruim ou péssimo.
De lá para cá, os índices pioraram de modo quase contínuo. Em abril de 2017, antes da revelação do diálogo deplorável entre o presidente e o empresário Joesley Batista, a reprovação já chegava aos 61%.
Na sondagem mais recente, feita após o impacto da paralisação dos caminhoneiros, a taxa foi aos 82%, o que torna Temer o presidente mais rejeitado desde a redemocratização do país. Desta vez, o instituto questionou esse contingente sobre seus motivos, permitindo respostas abertas e múltiplas.
Uma maioria de 51% manifesta queixas variadas quanto à administração e ao desempenho da economia, casos de desemprego (13%), preço dos combustíveis (13%), impostos (10%) e inflação (9%).
Um segundo bloco, a reunir cerca de um quinto dos insatisfeitos, aponta de forma mais genérica o que considera deficiências do governo —falta de preparo e poucas realizações, entre outras.
Outro grupo importante, de 15%, cita a corrupção. Razões mais universais, como pouco investimento em saúde, educação e segurança, também aparecem.
É notável, embora não de todo surpreendente, que a política econômica, sem dúvida a principal vitrine da gestão emedebista, encabece a lista de reclamações.
O presidente, até aqui, falhou em proporcionar a desejada recuperação vigorosa da produção e da renda; compreende-se, ademais, o descontentamento com os preços da gasolina nos últimos meses, resultado da estratégia de repassar ao mercado doméstico a alta das cotações globais do petróleo.
Entretanto outros problemas apontados, como o desemprego e a carga tributária, têm origens anteriores a seu governo. No caso da inflação, houve melhora indiscutível nos últimos dois anos —o que não se pode dizer, por exemplo, da moralidade pública.
Temer parece ser o desaguadouro de frustrações mais gerais com as práticas políticas e o retrocesso no desenvolvimento do país, às quais o impeachment esteve longe de responder. Resta esperar que um mandatário legitimado pelo voto possa dar início à tarefa.
Michel Temer assumiu a Presidência na esteira do controverso, ainda que legítimo, impeachment de Dilma Rousseff (PT). O emedebista, que iniciou sua gestão sem gozar da confiança dos setores antipetistas do eleitorado, nunca foi um mandatário popular.
Quando contava dois meses no posto, em julho de 2016, pesquisa do Datafolha lhe atribuía aprovação de apenas 14% dos brasileiros, ante 31% que consideravam seu governo ruim ou péssimo.
De lá para cá, os índices pioraram de modo quase contínuo. Em abril de 2017, antes da revelação do diálogo deplorável entre o presidente e o empresário Joesley Batista, a reprovação já chegava aos 61%.
Na sondagem mais recente, feita após o impacto da paralisação dos caminhoneiros, a taxa foi aos 82%, o que torna Temer o presidente mais rejeitado desde a redemocratização do país. Desta vez, o instituto questionou esse contingente sobre seus motivos, permitindo respostas abertas e múltiplas.
Uma maioria de 51% manifesta queixas variadas quanto à administração e ao desempenho da economia, casos de desemprego (13%), preço dos combustíveis (13%), impostos (10%) e inflação (9%).
Um segundo bloco, a reunir cerca de um quinto dos insatisfeitos, aponta de forma mais genérica o que considera deficiências do governo —falta de preparo e poucas realizações, entre outras.
Outro grupo importante, de 15%, cita a corrupção. Razões mais universais, como pouco investimento em saúde, educação e segurança, também aparecem.
É notável, embora não de todo surpreendente, que a política econômica, sem dúvida a principal vitrine da gestão emedebista, encabece a lista de reclamações.
O presidente, até aqui, falhou em proporcionar a desejada recuperação vigorosa da produção e da renda; compreende-se, ademais, o descontentamento com os preços da gasolina nos últimos meses, resultado da estratégia de repassar ao mercado doméstico a alta das cotações globais do petróleo.
Entretanto outros problemas apontados, como o desemprego e a carga tributária, têm origens anteriores a seu governo. No caso da inflação, houve melhora indiscutível nos últimos dois anos —o que não se pode dizer, por exemplo, da moralidade pública.
Temer parece ser o desaguadouro de frustrações mais gerais com as práticas políticas e o retrocesso no desenvolvimento do país, às quais o impeachment esteve longe de responder. Resta esperar que um mandatário legitimado pelo voto possa dar início à tarefa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário