Editorial - Folha de SP
Às vésperas do início da propaganda eleitoral de rádio e TV, as teses e propostas apresentadas pelos principais candidatos à Presidência ainda não se mostram à altura da gravidade da situação do país.
De positivo, os postulantes mais bem colocados apontam, em declarações e documentos, a necessidade de uma reforma da Previdência. Entretanto as diretrizes mencionadas são vagas ou suscitam sérias dúvidas quanto a sua viabilidade —e, ainda mais preocupante, não transmitem a dimensão da urgência da medida.
Tudo se passa como se ela fosse apenas mais uma entre tantas outras intenções e platitudes de campanha, e não tarefa dificílima e decisiva, que provavelmente balizará as chances de sucesso do mandato.
Decerto pelo temor de aborrecer ou assustar os votantes, trata-se o enorme desequilíbrio orçamentário —o maior entre os países do G20— como um obstáculo passageiro. Com imodéstia temerária, os candidatos fazem promessas pouco realistas, para dizer o mínimo, como noticiou esta Folha.
Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB) preveem o fim do déficit primário (que não considera os gastos com juros) em dois anos; Jair Bolsonaro (PSL), em apenas um.
Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Marina Silva (Rede) e Ciro se comprometem sem ressalvas com os objetivos do Plano Nacional de Educação, que incluem um disparatado aumento do gasto público no setor de 6% para 10% do Produto Interno Bruto até 2024.
Bolsonaro apresentou um extenso programa de governo, mas o documento, tão palavroso quanto superficial, ignora as restrições políticas e técnicas a propostas como uma privatização geral ou o regime de capitalização na Previdência.
Já Alckmin, lacônico, limita-se a metas carentes de detalhamento. Parece crer que sua aceitação pelo establishment bastará para que o empresariado recupere a confiança e tire a economia do marasmo.
Contrastam também Marina Silva e Ciro Gomes, este agressivo na exposição de números inflados e ideias extravagantes, aquela cautelosa e genérica na medida para permanecer palatável a diferentes setores do espectro ideológico.
Mais tortuosa é a mensagem programática da chapa petista, ora encabeçada por Lula, condenado por corrupção, preso e virtualmente inelegível. Enquanto o partido se ocupa da mitologia em torno de seu líder, o vice e futuro candidato, Fernando Haddad, fica fora de debates e entrevistas.
Sem preparar as expectativas do eleitorado para mais tempos difíceis, o próximo presidente corre o risco de provocar uma frustração desestabilizadora em 2019. Sem a oferta de planos factíveis, pode tomar posse com o cenário econômico em deterioração —como já sugere a escalada da cotação do dólar.
Às vésperas do início da propaganda eleitoral de rádio e TV, as teses e propostas apresentadas pelos principais candidatos à Presidência ainda não se mostram à altura da gravidade da situação do país.
De positivo, os postulantes mais bem colocados apontam, em declarações e documentos, a necessidade de uma reforma da Previdência. Entretanto as diretrizes mencionadas são vagas ou suscitam sérias dúvidas quanto a sua viabilidade —e, ainda mais preocupante, não transmitem a dimensão da urgência da medida.
Tudo se passa como se ela fosse apenas mais uma entre tantas outras intenções e platitudes de campanha, e não tarefa dificílima e decisiva, que provavelmente balizará as chances de sucesso do mandato.
Decerto pelo temor de aborrecer ou assustar os votantes, trata-se o enorme desequilíbrio orçamentário —o maior entre os países do G20— como um obstáculo passageiro. Com imodéstia temerária, os candidatos fazem promessas pouco realistas, para dizer o mínimo, como noticiou esta Folha.
Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB) preveem o fim do déficit primário (que não considera os gastos com juros) em dois anos; Jair Bolsonaro (PSL), em apenas um.
Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Marina Silva (Rede) e Ciro se comprometem sem ressalvas com os objetivos do Plano Nacional de Educação, que incluem um disparatado aumento do gasto público no setor de 6% para 10% do Produto Interno Bruto até 2024.
Bolsonaro apresentou um extenso programa de governo, mas o documento, tão palavroso quanto superficial, ignora as restrições políticas e técnicas a propostas como uma privatização geral ou o regime de capitalização na Previdência.
Já Alckmin, lacônico, limita-se a metas carentes de detalhamento. Parece crer que sua aceitação pelo establishment bastará para que o empresariado recupere a confiança e tire a economia do marasmo.
Contrastam também Marina Silva e Ciro Gomes, este agressivo na exposição de números inflados e ideias extravagantes, aquela cautelosa e genérica na medida para permanecer palatável a diferentes setores do espectro ideológico.
Mais tortuosa é a mensagem programática da chapa petista, ora encabeçada por Lula, condenado por corrupção, preso e virtualmente inelegível. Enquanto o partido se ocupa da mitologia em torno de seu líder, o vice e futuro candidato, Fernando Haddad, fica fora de debates e entrevistas.
Sem preparar as expectativas do eleitorado para mais tempos difíceis, o próximo presidente corre o risco de provocar uma frustração desestabilizadora em 2019. Sem a oferta de planos factíveis, pode tomar posse com o cenário econômico em deterioração —como já sugere a escalada da cotação do dólar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário