Garimpos de ouro no PA despejam uma Samarco a cada 11 anos, diz PF
Por Fabiano Maisonnave - Folha de SP
Os garimpos ilegais despejam no rio Tapajós o equivalente a um acidente da Samarco a cada 11 anos, aponta laudo da Polícia Federal. Nesta quarta-feira (26), foi deflagrada uma operação contra o comércio ilegal de ouro no Pará e em São Paulo.
De acordo com a PF, são lançados por ano 7 milhões de toneladas de sedimento no rio Tapajós, um dos maiores da Amazônia. No acidente de Mariana (MG), em 2015, o rio Doce recebeu 84 milhões de toneladas de rejeito.
O cálculo foi feito a partir da coleta de sedimentos na foz de afluentes do Tapajós na região de Itaituba, sudoeste do Pará. É a maior área de garimpo ilegal de ouro do país. Entre os rios mais devastados estão o Rato, o Crepori e o Jamanxim.
"Além do assoreamento dos rios, com consequente prejuízo para fauna, flora e também para a navegação, há o prejuízo ao turismo e balneabilidade das praias, que perdem o atrativo da água translúcida, e o carreamento de poluentes, como mercúrio e cianeto, detectados em quase todos os afluentes que sofrem com a mineração”, afirma o perito da PF Gustavo Geiser, responsável pelo relatório.
O volume é tão grande que altera a cor do Tapajós por centenas de quilômetros. Ainda que de forma mínima, esses sedimentos chegam até a região turística de Alter do Chão, na foz do Tapajós, aponta o laudo da PF.
Área tradicional de garimpo, a bacia do Tapajós vive um novo boom nos últimos anos, após a introdução das PCs (escavadeiras), equipamentos que custam em torno de R$ 600 mil e provocam um destruição várias vezes maior do que os métodos mais antigos.
Para combater a lavagem de ouro clandestina no Tapajós, a PF e o Ministério Público Federal (MPF) realizaram a Operação Levigação, que resultou no bloqueio judicial de R$ 187 milhões de bens dos investigados.
Um deles é o empresário Dirceu Frederico Sobrinho, proprietário da D’Gold e candidato a primeiro suplente de senador na chapa de Flexa Ribeiro, que concorre à reeleição. Ambos são filiados ao PSDB.
Nesta quarta, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão nos escritórios da D’Gold em Itaituba e em São Paulo. Ao todo, foram oito mandados contra três empresas. O delegado Gecivaldo Vasconcelos preside o inquérito.
Os crimes investigados são usurpação de bens da União, funcionamento ilegal de instituição financeira e lavagem de ativos. Somadas, as penas podem chegar a 19 anos de prisão.
“O ouro retirado ilegalmente é comprado pelas empresas usando declarações falsas e emissão de notas fiscais para dar aparência de que o ouro tem origem legal”, afirma Ricardo Rodrigues, chefe da delegacia da PF em Santarém.
Na avaliação da PF, a bacia do Tapajós sofre um cenário de descontrole, com mais de 90% dos garimpos agindo na ilegalidade e produzindo a custo baixo, pois não seguem legislação ambiental. Essa produção é vendida sem deságio a compradores autorizados, que não se preocupam com a origem ilícita.
Procurada pela reportagem, a D’Gold negou, via assessoria de imprensa, qualquer irregularidade. Afirmou também que Sobrinho é o presidente da Anoro (Associação Nacional do Ouro), por meio da qual combate o contrabando do metal.
O nome da operação é uma referência a um processo usado para separar o ouro de outras partículas com o uso da água, que faz uma espécie de lavagem do mineral.
Por Fabiano Maisonnave - Folha de SP
Os garimpos ilegais despejam no rio Tapajós o equivalente a um acidente da Samarco a cada 11 anos, aponta laudo da Polícia Federal. Nesta quarta-feira (26), foi deflagrada uma operação contra o comércio ilegal de ouro no Pará e em São Paulo.
De acordo com a PF, são lançados por ano 7 milhões de toneladas de sedimento no rio Tapajós, um dos maiores da Amazônia. No acidente de Mariana (MG), em 2015, o rio Doce recebeu 84 milhões de toneladas de rejeito.
O cálculo foi feito a partir da coleta de sedimentos na foz de afluentes do Tapajós na região de Itaituba, sudoeste do Pará. É a maior área de garimpo ilegal de ouro do país. Entre os rios mais devastados estão o Rato, o Crepori e o Jamanxim.
"Além do assoreamento dos rios, com consequente prejuízo para fauna, flora e também para a navegação, há o prejuízo ao turismo e balneabilidade das praias, que perdem o atrativo da água translúcida, e o carreamento de poluentes, como mercúrio e cianeto, detectados em quase todos os afluentes que sofrem com a mineração”, afirma o perito da PF Gustavo Geiser, responsável pelo relatório.
O volume é tão grande que altera a cor do Tapajós por centenas de quilômetros. Ainda que de forma mínima, esses sedimentos chegam até a região turística de Alter do Chão, na foz do Tapajós, aponta o laudo da PF.
Área tradicional de garimpo, a bacia do Tapajós vive um novo boom nos últimos anos, após a introdução das PCs (escavadeiras), equipamentos que custam em torno de R$ 600 mil e provocam um destruição várias vezes maior do que os métodos mais antigos.
Para combater a lavagem de ouro clandestina no Tapajós, a PF e o Ministério Público Federal (MPF) realizaram a Operação Levigação, que resultou no bloqueio judicial de R$ 187 milhões de bens dos investigados.
Um deles é o empresário Dirceu Frederico Sobrinho, proprietário da D’Gold e candidato a primeiro suplente de senador na chapa de Flexa Ribeiro, que concorre à reeleição. Ambos são filiados ao PSDB.
Nesta quarta, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão nos escritórios da D’Gold em Itaituba e em São Paulo. Ao todo, foram oito mandados contra três empresas. O delegado Gecivaldo Vasconcelos preside o inquérito.
Os crimes investigados são usurpação de bens da União, funcionamento ilegal de instituição financeira e lavagem de ativos. Somadas, as penas podem chegar a 19 anos de prisão.
“O ouro retirado ilegalmente é comprado pelas empresas usando declarações falsas e emissão de notas fiscais para dar aparência de que o ouro tem origem legal”, afirma Ricardo Rodrigues, chefe da delegacia da PF em Santarém.
Na avaliação da PF, a bacia do Tapajós sofre um cenário de descontrole, com mais de 90% dos garimpos agindo na ilegalidade e produzindo a custo baixo, pois não seguem legislação ambiental. Essa produção é vendida sem deságio a compradores autorizados, que não se preocupam com a origem ilícita.
Procurada pela reportagem, a D’Gold negou, via assessoria de imprensa, qualquer irregularidade. Afirmou também que Sobrinho é o presidente da Anoro (Associação Nacional do Ouro), por meio da qual combate o contrabando do metal.
O nome da operação é uma referência a um processo usado para separar o ouro de outras partículas com o uso da água, que faz uma espécie de lavagem do mineral.
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